Após negar conversa sobre cargos, vereador assume secretaria do governo Alckmin

  • Por Estadão Conteúdo
  • 16/08/2016 12h30
Reprodução/PHS Laércio Benko

Cinco dias após declarar ao Ministério Público Eleitoral que não havia discutido a nomeação de cargos no Estado de São Paulo com o governador Geraldo Alckmin (PSDB), o vereador Laércio Benko (PHS) assumiu a Secretaria Estadual de Turismo.

Benko foi ouvido em um Procedimento Preparatório Eleitoral (PPE) que apura as suspeitas de abuso de poder político por parte da campanha eleitoral de João Dória à Prefeitura de São Paulo no último dia 4. Na ocasião, ele foi categórico ao afirmar que “jamais conversou com o governador do Estado a respeito de temas que devam ser inseridos no programa de governo de João Doria, menos ainda em relação aos cargos da administração pública estadual direta ou indireta”.

A investigação foi aberta pelo promotor eleitoral José Carlos Bonilha para apurar se as nomeações do governo Alckmin, padrinho político e principal um dos principais apoiadores da candidatura de João Doria, foram utilizadas para conseguir apoio político de partidos para a chapa de Doria. Com a maior coligação, o tucano será o candidato à Prefeitura com o maior tempo de TV nesta eleição.

O depoimento do secretário de Turismo foi tomado em uma quinta-feira, e Benko disse à reportagem que recebeu o convite de um interlocutor de Alckmin no sábado, 6. Na terça-feira, 9, ele assumiu o cargo no governo estadual. Ao Ministério Público ele disse que decidiu apoiar Doria depois de perder tempo de TV com as novas regras eleitorais (seu partido teria apenas oito segundos caso ele fosse candidato) e de conhecer o tucano ao avaliar as candidaturas que deveriam disputar a Prefeitura.

Segundo relatou Benko à Promotoria Eleitoral, no encontro com o tucano foram colocadas duas condições para apoiar Doria: que o PSDB trouxesse o PPS para a coligação, o que permitiria ao PHS conseguir mais cadeiras na Câmara Municipal nesta eleição; e que ele participasse da elaboração do programa de governo de Doria. “Ambas as condições foram cumpridas”, relatou ao MP.

À reportagem, Benko afirmou não ver problemas em aceitar o cargo em meio às especulações que já existiam na época de que seria uma troca de favor para garantir apoio do PHS a Doria. “As pessoas especulam muito, o importante é o trabalho técnico” disse.

“Acredito que o nosso trabalho (na Secretaria) vai mostrar que isso (aceitar o cargo) não vai pegar mal, pelo contrário pegaria mal se não aceitássemos o desafio. O que pega mal é as pessoas fazerem pré-julgamentos, ilações”, seguiu o secretário que disse ter declarado apoio ao tucano há quatro meses, “pela figura dele”. “Não teve absolutamente mais ninguém que me cativou”, continuou.

Por meio de nota, a assessoria do governo do Estado afirmou que “não existe qualquer relação entre a administração pública e a lógica eleitoral” e que as indicações para os cargos são técnicas.

Defesa

Em nota, a assessoria de Imprensa do Governo do Estado de São Paulo afirma que “não existe qualquer relação entre a administração pública e a lógica eleitoral. A escolha de secretários – filiados ou não a partidos, participantes ou não de entidades de classe ou demais organizações da sociedade civil – obedece única e exclusivamente a critérios técnicos voltados ao interesse público”.

O advogado Anderson Pomini, responsável pela campanha do tucano, afirmou que o candidato ainda não foi notificado sobre a investigação e que por isso, não iria comentar o caso.

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