Após pedir investigação do caso HSBC, petista sugere ligação com Lava Jato
Clientes em escada da sucursal principal do HSBC em Hong Kong; presidente do banco disse que "sociedade esperava mais de nós"
Clientes em escada da sucursal principal do HSBC em Hong Kong; presidente do banco disse que "sociedade esperava mais de nós"O deputado federal Paulo Pimenta (PT) – que protocolou junto à Procuradoria Geral da República (PGR) um pedido para que seja instaurada uma investigação, no Brasil, sobre o suposto esquema da lavagem de dinheiro envolvendo o HSBC – enxerga uma relação direta entre o escândalo bancário e a operação Lava Jato. “Não será nenhuma surpresa que o HSBC tenha conta de doleiros envolvidos na Lava Jato”, disse em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
Pimenta lembrou que o ex-gerente executivo de engenharia da Petrobras Pedro Barusco admitiu ter usado o HSBC para receber propinas. Em depoimento na delação premiada, o executivo contou que abriu um total de 19 contas em nove bancos na Suíça para este fim. Só no HSBC ele teria cerca de US$ 6 milhões. “Esse caminho do HSBC é o utilizado por vários atores envolvidos em casos de corrupção e desvio de dinheiro”, afirmou Pimenta.
O parlamentar gaúcho entrou com a representação nesta quarta-feira, 18, depois de ficar alguns dias estudando o assunto e de cobrar do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo providências por parte do governo federal. Pimenta também se reuniu com o líder da bancada do PT na Câmara, Sibá Machado, que lhe garantiu respaldo. “Tenho apoio total do partido. Nesse momento, está todo mundo sintonizado comigo nesse negócio”, disse o deputado.
Na representação protocolada junto à PGR, Pimenta pede apuração sobre supostos atos de lavagem de dinheiro e sonegação fiscal que teriam sido praticados por clientes brasileiros por meio de contas abertas no HSBC na Suíça. Segundo ele, na próxima segunda-feira, dia 23, o assunto será discutido pela bancada petista, que deverá encaminhar, no dia seguinte, um pedido de criação de uma comissão de representação externa na Câmara para acompanhar o desdobramento da investigação.
Jornalista de formação, Pimenta contou que estava acompanhando o tema antes mesmo de chegar “com tanta força” no Brasil. A suspeita de que o HSBC facilitaria a lavagem na Suíça de dinheiro vindo do exterior veio a público após a divulgação de documentos pelo Consórcio Internacional de Jornalismo Investigativo (ICIJ). Esta semana, a Justiça suíça fez uma operação de busca e apreensão de dados nos escritórios do HSBC no país.
Para Pimenta, as autoridades já esperaram demais para dar início à investigação do caso no Brasil – considerando o indício de que o HSBC na Suíça teria 8,8 mil contas bancárias secretas de brasileiros. “É uma questão de tempo”.
Obrigatoriamente o Brasil terá que dar consequência a essas informações que surgiram. Se não o fizer, seria prevaricação”, afirmou. “O primeiro objetivo é obter a lista dos nomes dos correntistas oficialmente. Tem que fazer uma triagem do que é legal e o que é ilegal.”
Ele acredita que a análise das contas do HSBC sob suspeita trará à tona outros casos de corrupção além da operação Lava Jato, e lembra que as contas que estão sendo investigadas no exterior foram abertas do final da década de 1990 até 2007. Segundo ele, é do interesse do PT investigar quem quer que seja. “Não há nenhuma resistência do partido. Eventualmente, se tiver alguém do partido envolvido, temos que punir exemplarmente, para dar o exemplo para nossa militância e para a sociedade”, disse.
Em uma resposta oficial divulgada na semana passada, quando o escândalo ganhou repercussão mundial, o HSBC indicou reconhecer que os controles sobre a origem do dinheiro no passado nem sempre foram corretos, mas garantiu que desde 2007 “tomou passos significativos para implementar reformas e expulsar clientes que não atendiam aos padrões HSBC”. Segundo o banco, como resultado disso, a instituição na Suíça perdeu quase 70% de seus clientes desde 2007.
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