Após várias “ressurreições”, família espera nova vitória de Marina no domingo

  • Por Agencia EFE
  • 04/10/2014 18h44
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Alba Santandreu.

Rio Branco, 4 out (EFE).- Nos anos que em recolhia borracha na Amazônia, a candidata presidencial Marina Silva se contaminou com mercúrio e durante anos batalhou contra um acúmulo de doenças que, segundo sua família, só encontraram remédio em Deus e na religião evangélica.

“Eu a vi praticamente morta quando tinha cinco anos. Tenho certeza que Marina ressuscitou algumas vezes”, contou à Agência Efe a irmã mais velha dos Silva, Maria Deusimar, de 59 anos, rodeada por outras irmãs da candidata e alguns sobrinhos da ex-senadora.

Deusimar se referia à saúde de Marina, de 56 anos, mas bem poderia falar da vida política da ministra do Meio Ambiente durante o primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, hoje transformado em seu adversário.

Após abandonar as fileiras do PT, Marina filiou-se ao PV, com o qual ficou em terceiro lugar nas eleições de 2010; renunciou para tentar criar sua própria legenda, mas fracassou, e finalmente uniu-se ao PSB, do qual se transformou em candidata depois de uma tragédia.

“Rezamos muito. Pedimos muito a Deus, porque Marina precisava tomar uma decisão de muita responsabilidade. Pedimos muito a Deus que a abençoasse e que fizesse o correto”, declarou outra das irmãs, Maria Lúcia, de 55 anos, sobre os dias posteriores à morte do candidato anterior do PSB, Eduardo Campos.

Marina Silva, que era companheira de chapa de Campos, aceitou ser designada candidata em meados de agosto, depois que o ex-governador de Pernambuco morreu em um acidente aéreo na cidade de Santos quando se dirigia a um compromisso de campanha.

Durante as primeiras semanas como candidata, Marina disparou nas pesquisas de intenções de voto, o que a transformou no alvo principal das críticas de seus principais oponentes: a presidente e candidata à reeleição, Dilma Rousseff, e Aécio Neves, do PSDB.

“Marina é uma biorana preta, uma árvore amazônica que quando você bate com o facão é difícil de derrubar, é muito forte”, ressaltou Maria Lúcia.

Vestida com uma saia longa até os sapatos, uma camisa amarela e o cabelo cuidadosamente preso, Maria Lúcia compartilha o aspecto frágil de Marina, além do ritmo pausado de suas palavras e sua entrega à religião evangélica.

“Estou acostumada a ser confundida com Marina”, disse à Agência Efe no alpendre de seu humilde casa, situada em um bairro periférico e sem asfalto de Rio Branco.

Marina chegou à capital do Acre com 15 anos, ainda analfabeta e empurrada por uma contaminação de mercúrio, cinco malárias e várias hepatites que debilitaram fortemente sua saúde.

“Marina foi embora por ter adoecido. Disse que não aguentava mais trabalhar no seringal, que iria viver na cidade”, lembrou Maria Lúcia, que hoje é dona de casa e mãe de quatro filhos.

Apesar de visitar vários médicos ao longo de sua vida, sua irmã acredita que foi a fé em Deus e na religião que ajudou a melhorar a saúde “da mais inteligente” dos Silva.

“Ela (Marina) conta que quando estava muito doente teve aquele desejo de ser uma pessoa evangélica. Foi Deus quem a ajudou”, insistiu Maria Lúcia.

Desde que Marina entrou totalmente na corrida eleitoral após a trágica morte de Campos, no último dia 13 de agosto, seus compromissos alcançaram um ritmo vertiginoso que lhe levou a percorrer o Brasil de ponta a ponta.

“Ficamos preocupados porque Marina está viajando muito. Nos preocupamos com sua alimentação, porque ela é muito magrinha. Não frágil, apenas magra”, ressaltou Maria Lúcia.

Enquanto os candidatos esgotam os últimos cartuchos antes das eleições de amanhã, a família de Marina se diz “tranquila”, “muito unida” e “pedindo a Deus que faça o melhor”. EFE

ass/rsd

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