Aproximação entre EUA e Cuba era “questão de tempo”, diz irmão de Che Guevara

  • Por Agencia EFE
  • 18/12/2014 19h48
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Buenos Aires, 18 dez (EFE). – A aproximação entre Estados Unidos e Cuba era uma “questão de tempo”, considerou Juan Martín Guevara, um dos irmãos de Ernesto Che Guevara, em entrevista à Agência Efe em Buenos Aires.

Juan Martín, de 71 anos, contou que foi pego de surpresa pela notícia, e que ainda não teve tempo, nem mesmo, de falar com os filhos de seu irmão Ernesto em Havana para saber sobre os detalhes. De toda forma, ele se diz convencido de que o povo cubano está comemorando a notícia.

Em sua opinião, a aproximação é o resultado de “um diálogo reservado durante bastante tempo” e que “agora é divulgado”.

“Não havia possibilidade de que não fosse assim. Era questão de tempo. Alguns dizem que demorou demais e que deveria ter sido antes. Bom, isso são cálculos que já não têm muito sentido porque o fato real é que, neste momento, há uma abertura”, comentou.

“As relações se estabelecerão e, certamente, terá que vir depois o desbloqueio, terão que vir as relações comerciais e de outros tipos, como investimentos. Seguramente, muitos empresários norte-americanos irão querer”, acrescentou.

Na opinião de Juan Martín, não há dúvidas de que, no futuro, Cuba abraçará o capitalismo e que o turismo será um dos investimentos mais importantes, embora o processo não deva ser rápido.

“O que pensará Fidel sobre tudo isso? Eu digo que finalmente se chega ao que se esperava e se queria. Agora, começará a ser estabelecida uma relação razoável, ou seja, a exigência de Cuba foi sempre essa. Vamos ao desbloqueio”, disse.

Contudo, segundo ele, será preciso esperar acalmar os ânimos dos cubano-americanos e dos republicanos que estão contra a normalização, para então começar novamente um caminho e haverá, de repente, outra notícia: “Terminou o bloqueio”, assinalou.

Por outro lado, Juan Martín admitiu que “é muito complicado” se colocar no lugar de Fidel Castro e, inclusive, no de seu irmão, mas “se isto beneficia o povo cubano, acredito que ele estaria feliz”.

“É preciso olhar pra frente, mas penso que deve haver muita alegria dos dois lados”, ponderou.

Sem conhecer detalhes sobre a mediação do papa Francisco no andamento do processo, Juan Martín comemora sua intervenção e acredita que possa ser um precedente que abra a via para que a Igreja possa participar da resolução de conflitos se for necessário.

O que parece ser claro para Juan Martín Guevara é que, com esta decisão, “Cuba segue o caminho do mundo, com um tempo que é o deles, uma reserva moral que é a deles e uma alegria de viver que é a deles”. EFE

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