Argentina abre ao público arquivos militares secretos da última ditadura

  • Por Agencia EFE
  • 19/03/2014 19h44
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Buenos Aires, 19 mar (EFE).- A Argentina abrirá ao público a partir dessa quinta-feira os arquivos secretos das juntas militares da última ditadura (1976-1983), encontrados em novembro do ano passado em um edifício da Força Aérea.

O Ministério da Defesa permitirá a consulta pública de digitalizações das 1.500 pastas para guardar papéis de documentos achadas no subsolo do Edifício Condor (Buenos Aires). Antes de serem liberadas, elas foram revisadas e classificadas pela Secretaria de Direitos Humanos e postas à disposição da Justiça para as causas que averiguam crimes contra a humanidade durante a ditadura.

Entre os documentos estão 280 atas originais das reuniões da cúpula militar durante a ditadura e as listas negras de intelectuais e artistas elaboradas pelo regime.

Nessas listas apareceram os nomes de 331 artistas, intelectuais e jornalistas assinalados como “perigosos”. Entre os citados estão os atores Federico Luppi e Héctor Alterio, a atriz Norma Aleandro, os escritores Julio Cortázar e Osvaldo Bayer, e a cantora Mercedes Sosa.

A exibição dos arquivos, que foram encontradas por um funcionário da manutenção no dia 4 de novembro do ano passado e entregues ao governo, será inaugurada pelo ministro da Defesa argentino, Agustín Rossi, na Biblioteca Aeronáutica de Buenos Aires.

Nas atas secretas, que abrangem desde o golpe de Estado de 1976 até o retorno à democracia em 1983, consta a postura dos membros da cúpula militar em assuntos diversos como as reivindicações dos parentes de dissidentes desaparecidos e as relações com países como Chile e Reino Unido. Também foi encontrado um plano de ação do governo dos militares, que abrangia até o ano 2000, e documentação sobre os setores econômicos civis que apoiaram o regime.

O material confidencial, que poderá ser consultado pelo público em geral e por centros educativos, será exibido a partir de amanhã através de dois postos virtuais de consulta. Nesses locais, aparecerão todos os temas possíveis e a busca poderá ser feita a partir de uma palavra-chave.

No prazo de dois meses, está previsto que os catálogos com a documentação estejam disponíveis também na internet.

O ato de abertura ao público faz parte das atividades de reivindicação da memória programadas por ocasião dos 38 anos do golpe de estado, ocorrido em 24 de março de 1976.

Na próxima segunda-feira, a Argentina lembrará também o 10º aniversário da criação do Espaço Memória e Direitos Humanos na ex-sede da Escola de Mecânica da Armada (Esma), um dos principais centros clandestinos de detenção durante a ditadura. Outra iniciativa de destaque é a sinalização de vários ex-centros clandestinos de detenção em todo o país. EFE

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