Argentina acredita que Justiça dos EUA é “parcial” no caso de troca da dívida
Buenos Aires, 19 jun (EFE).- O governo da Argentina sustentou nesta quinta-feira que a última decisão da Justiça dos Estados Unidos a favor dos fundos especulativos que estão em litígio com o país é “parcial” e pretende “fulminar” o processo de reestruturação da dívida que o país segue para pagar seus credores.
“O juiz deve fazer justiça e a justiça significa equidade de tratamento entre as partes. Quando um juiz promove tamanha parcialidade entre as partes, não é equitativo”, sustentou o chefe de Gabinete argentino, Jorge Capitanich, durante sua entrevista coletiva.
“Se a justiça é equilíbrio, o juiz (Thomas) Griesa promove profundamente o desequilíbrio e isso não é justiça”, insistiu em referência ao magistrado americano que decidiu contra a Argentina no processo aberto por fundos especulativos que se negaram a entrar nas trocas de dívida e reivindicam o pagamento de US$ 1,3 bilhão ao país.
Para o governo argentino, a decisão da Corte de Apelações de Nova York de suspender na quarta-feira a cláusula que habilita os fundos querelantes de exigir da Argentina o pagamento integral das quantidades exigidas – cerca de US$ 1,5 bilhão com juros – impossibilita o pagamento no prazo da dívida reestruturada no final de junho, tal como estava previsto.
“Percebemos que a eliminação da cláusula (…) promove um sistema onde os fundos têm um incentivo a executar a medida e não negociar”, insistiu Capitanich.
Segundo o chefe de Gabinete, esta decisão “confirma a verdadeira intencionalidade” de “fulminar” o processo de reestruturação da dívida argentina após a crise econômica de 2001.
“Esta decisão altera todas as condições de reestruturação”, afirmou.
“Acreditamos que a vontade de pagamento da Argentina não pode ser posta em dúvida pelo juiz Griesa nem por ninguém”, insistiu em relação aos comentários do magistrado nova-iorquino, que após uma reunião entre as partes se mostrou desconfiado em relação à capacidade do país de cumprir seus compromissos de pagamento.
O juiz considerou também “infeliz” o discurso da presidente, Cristina Kirchner, no qual advertiu que a Argentina está disposta a negociar, mas não a ceder à extorsão.
Capitanich também declarou que a sentença representa ignorar que desde que a reestruturação da dívida foi colocada em prática a Argentina “cumpriu regularmente” seus compromissos, e reiterou a vontade de continuar pagando aos poucos, os 92% dos afetados, que aderiram às trocas de 2005 e 2010. EFE
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