Argentina afirma que Malvinas é maior base nuclear da Otan no Atlântico sul
Buenos Aires, 2 abr (EFE).- A presidente argentina, Cristina Kirchner, denunciou nesta quarta-feira que o Reino Unido montou nas Malvinas uma base militar nuclear da Otan com poder de fogo suficiente para chegar com mísseis a grande parte da América do Sul e pediu a Londres que deixe de “guerrear” e negocie a soberania das ilhas.
“O Reino Unido não considera os recursos naturais das ilhas como a coisa mais importante. Os recursos servem apenas para sustentar à população. A verdade sobre as Malvinas é que constituem a base militar nuclear da Otan no Atlântico sul. Esta é a verdade que não podem seguir ocultando”, declarou Cristina.
Em um ato na sede do Executivo para lembrar os 32 anos do início da guerra com o Reino Unido pelo arquipélago, Cristina disse que a mensagem da Argentina não só tem a ver com uma reivindicação de soberania, mas com “uma mensagem de paz em um mundo desordenado pelos confrontos”.
Segundo Cristina, as Malvinas “constituem hoje a maior base militar existente ao sul do paralelo 50 graus sul”.
“Das Malvinas se maneja toda a operação militar britânica no Atlântico sul e também os sistemas de inteligência eletrônica. As ilhas se encontram entre os territórios mais militarizados do mundo”, assegurou a presidente em seu discurso, transmitido em rede nacional.
Cristina afirmou que o Reino Unido, uma “nação que está em todas as frentes onde há guerras no mundo” e que “quase sempre está do lado agressor”, não demonstra em seus orçamentos as despesas de Defesa nas Malvinas.
No entanto, detalhou que calcula-se que a despesa militar para manter a base nas Malvinas, situada a 13 mil quilômetros de Londres, é de US$ 31 mil anuais por cada cidadão britânico.
“Seria bom que se dedicassem menos a guerrear e mais a ocupar-se do povo inglês, que seguramente agradeceria muito, porque têm severos problemas de desemprego e cortes”, comentou Cristina.
A presidente disse estar “segura” que “muitos cidadãos ingleses não estão nem um pouco interessados em ter de destinar milhões de dólares a sustentar uma base militar”.
Cristina detalhou que as forças britânicas têm nas ilhas um patrulheiro, uma embarcação de apoio, um avião de pesquisa, um submarino nuclear com capacidade de levar armas nucleares, um navio quebra-gelo, uma fragata, 800 homens do Real Força Aérea, 500 soldados do exército, 30 da Marinha real, duas pistas aéreas militares, aviões, helicópteros e mísseis.
Além disso, destacou, há nas ilhas aviões de combate “equipados com poderosos mísseis capazes de alcançar grande parte do Cone Sul”.
Cristina salientou que há um “duplo padrão” pelo qual muitas potências criticam a anexação da Crimeia à Rússia, mas se calam sobre a questão das Malvinas, que foram ocupadas pelos britânicos desde 1833, 17 anos depois que a Argentina se declarou independente da Espanha.
“Na realidade, o que domina a política internacional é a relação de forças, não é o direito internacional nem o direito à paz e à integridade territorial. É a lei do mais forte. O que pode pisar na cabeça do outro, pisa e ninguém faz nada sobre isso”, se queixou.
Nesse sentido, a governante agradeceu a todos os países latino-americanos por apoiar a reivindicação de soberania sobre o arquipélago.
A Guerra das Malvinas começou no dia 2 de abril de 1982 com o desembarque de tropas argentinas no arquipélago e terminou em junho desse mesmo ano com sua rendição perante as forças enviadas pelo Reino Unido. No conflito morreram 255 britânicos, três ilhéus e 649 argentinos. EFE
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