Argentina insiste na ONU em solução negociada sobre Malvinas
Nações Unidas, 25 jun (EFE).- A Argentina renovou nesta quinta-feira na ONU seu pedido para que o Reino Unido retorne à mesa de negociações sobre as ilhas Malvinas e tachou de “irresponsável” a exploração dos recursos naturais no arquipélago.
“Existe uma disputa de soberania e ambos os governos estamos chamados a retomar o diálogo que tivemos no passado para encontrar uma solução”, afirmou hoje o chanceler argentino, Héctor Timerman, ao Comitê Especial de Descolonização da ONU.
O assunto foi analisado pelo Comitê, subordinado à Assembleia Geral da ONU, que esta semana analisou casos como o de Porto Rico e do Saara Ocidental e que hoje dedicou sua sessão a analisar o tema das Malvinas.
Em sua exposição, Timerman criticou o Reino Unido por seus “atos unilaterais, que não fizeram nada mais que aumentar” com o objetivo de explorar recursos naturais de “territórios e espaços marítimos que são alvo de controvérsia”.
A Argentina tem denunciado a exploração unilateral de recursos petrolíferos e pesqueiros no arquipélago, a partir de autorizações que não foram objeto de consulta com as autoridades argentinas.
“É contrário ao direito a pretensão de dispor de recursos naturais localizados em espaço de soberania contestada ou controvertida”, destacou o ministro argentino.
Ao fazer um repasse histórico, o chanceler lembrou que a controvérsia surgiu em 1833 quando o Reino Unido “ocupou ilegalmente as ilhas e expulsou autoridades e habitantes argentinos que ali viviam”.
Timerman mencionou que este ano a resolução 2065 da Assembleia Geral da ONU completa 50 anos. Ela estabelece “a existência de uma disputa entre Argentina e Reino Unido sobre a soberania” das Malvinas.
“Não deveria se passar mais um só ano sem se resolver essa controvérsia”, acrescentou. “A Argentina continuará apostando no direito internacional, na diplomacia e no multilateralismo”.
Timerman assinalou que o Reino Unido se nega a retomar as conversas sobre a soberania porque a população local não deseja, mas insistiu que as autoridades britânicas são a “única” outra parte neste conflito.
Há dois anos os malvinenses votaram em referendo e 99,8% decidiram continuar a ser território ultramarino do Reino Unido, uma votação e um status que os dois representantes da Assembleia Legislativa das Malvinas defenderam hoje.
“Nós não somos uma colônia, somos um território britânico ultramarino”, afirmou Phyl Rendell. “O governo argentino continua a negar nosso direito à livre determinação”, disse a legisladora.
Enquanto a cadeira do Reino Unido estava vazia na sala, o que Timerman lamentou, Rendell contou com o apoio de outro legislador das Malvinas, Michael Summers, que qualificou em duros termos o papel do comitê.
“Este comitê não tem mandato quanto a competências (sobre o arquipélago). Não tem autoridade moral na família da ONU. Fomos colônia do Reino Unido, mas já não somos”, salientou Summers.
Na reunião foi aprovada por consenso uma resolução, apresentada por Bolívia, Chile, Cuba, Equador, Nicarágua e Venezuela, que ressalta a necessidade de se chegar a uma “solução pacífica e negociada da controvérsia sobre soberania”.
A resolução também pede aos governos dos dois países que “afiancem o atual processo de diálogo e cooperação mediante o reatamento das negociações para encontrar o mais breve possível uma solução pacífica à controvérsia sobre a soberania das Malvinas”. EFE
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