Arquivos secretos confirmam vínculo de ditadura argentina com regime cubano

  • Por Agencia EFE
  • 20/11/2014 21h41

Buenos Aires, 20 nov (EFE).- Documentos secretos tornados públicos recentemente pelo governo argentino confirmam os vínculos diplomáticos entre a ditadura que governou o país entre 1976 e 1983 e o então líder de Cuba, Fidel Castro.

Os arquivos sobre a relação dos dois países fazem parte de um conjunto de 5,8 mil documentos, antes secretos, que o Ministério de Relações Exteriores da Argentina divulgou em seu site.

Nas referências a Cuba, os documentos provam a troca de favores diplomáticos entre Havana e o regime de Jorge Rafael Videla (1976-1981).

Segundo os arquivos, em 1977 Cuba solicitou à ditadura argentina apoio na votação das Nações Unidas para conseguir uma cadeira no Conselho Executivo da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Em abril do mesmo ano, o regime de Videla atendeu ao pedido e, como contrapartida, exigiu de Cuba voto favorável à reeleição do país no Conselho Econômico Social da ONU (ECOSOC).

“Em consideração ao pedido de apoio solicitado por Cuba para sua escolha no Conselho Executivo da Organização Mundial da Saúde, autorizo V.E a solicitar à chancelaria local uma troca de votos em favor da postulação de nosso país à reeleição no ECOSOC”, afirma a comunicação do governo com a embaixada argentina em Havana.

O documento foi classificado como “secreto” e “muito urgente”, assinado por Fernando Ricciardi, do Departamento de Organismos Internacionais do Ministério das Relações Exteriores da Argentina.

Cinco meses depois, em setembro de 1997, o embaixor argentino em Havana, Francisco Molina Salas, envia outro arquivo secreto, com a comunicação do objetivo completada: “oficializo o apoio cubano ao ECOSOC”.

Aparentemente, o apoio cubano foi o voto necessário para que a Argentina garantisse a reeleição no conselho.

“Recebeu-se confirmação do apoio de Cuba à reeleição no ECOSOC, totalizando a candidatura argentina 18 votos”, diz outro documento tornado público, enviado pelo Departamento de Organismos Internacionais à missão argentina na ONU. EFE

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