Arraias invadem o rio Tietê e já são ameaça para pescadores em Itapura
Inexistentes há dez anos, as arraias estão invadindo o Rio Tietê e já representam problema para os pescadores que atuam em Itapura e outras cidades da região de Araçatuba. Vários acidentes com esses animais foram registrados na região nos últimos anos.
A invasão das arraias foi constatada pela pesquisadora Isleide Saraiva Rocha Moreira, da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Botucatu.
Autora de uma tese de mestrado sobre os acidentes com pescadores envolvendo peixes traumatizantes e peçonhentos, ela constatou que esses animais já estão entre os principais responsáveis pelos acidentes durante a pesca.
As arraias possuem ferrões na cauda e liberam toxinas durante os ataques, por isso se inclui na categoria dos peçonhentos, como os mandis e pintados. Já as corvinas, dourados, piranhas, traíras e tucunarés são peixes traumatizantes por causa das mandíbulas dotadas de dentes fortes e agudos.
Como parte dos estudos, Isleide identificou que as arraias fluviais estão colonizando o Rio Tietê de forma preocupante. O Salto de Sete Quedas, no Rio Paraná, era uma barreira natural que impedia a passagem das espécies para cima.
Com a construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, o represamento possibilitou a migração de várias espécies de peixes do médio e baixo Paraná para o início do rio e para a bacia do Paranapanema.
Segundo ela, em 25 anos as arraias fluviais colonizaram praticamente todo o Rio Paraná e o final do Rio Tietê, na cidade de Itapura. “Elas podem seguir para as outras regiões do Tietê, podendo causar um problema maior na saúde pública”.
De acordo com Isleide, esses peixes não são agressivos, mas chicoteiam a cauda e ferroam as vítimas quando pisadas ou manipuladas. “Os pescadores já convivem com estes peixes, mas conhecem pouco os riscos da manipulação e das medidas que devem tomar quando ferroados. O mesmo acontece com as equipes de saúde locais”.
Uma ferroada de arraia pode deixar o pescador afastado do trabalho por até seis meses e a úlcera resultante da necrose local necessita de cuidados diários. Segundo a pesquisadora, é necessário realizar campanhas de esclarecimento na região.
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