Arvind Kejriwal e a cruzada anticorrupção

  • Por Agencia EFE
  • 04/04/2014 20h43
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Moncho Torres.

Nova Délhi, 4 abr (EFE).- A campanha anticorrupção do ativista Arvind Kejriwal quer chegar a seu ponto mais alto até aqui com a obtenção de um bom resultado nas eleições gerais na Índia para conseguir, através da política, o que não conseguiu na rua.

“Minha vida não mudou, pois sempre foi uma batalha contra a injustiça e a corrupção. Pode ser que os métodos e as estratégias mudem, mas a batalha é a mesma”, declarou Kejriwal, usando o tradicional gorro gandhiano, emblema do partido Aam Aadmi (AAP, Partido do Homem Comum), criado no final de 2012.

O líder da legenda conseguiu resultados inesperados nas últimas eleições municipais de Nova Délhi e chegou à prefeitura após se aliar com o Partido do Congresso.

Kejriwal jurou seu cargo em 28 de dezembro de 2013 em um parque público – ao qual chegou de metrô – na frente de 100.000 pessoas, mas renunciou 49 dias depois ao não conseguir que fosse aprovada uma lei anticorrupção na assembleia municipal.

No curto período em que governou, o líder anticorrupção mostrou uma maneira nova de fazer política, muito mais combativa que a de seus antecessores, e marcada, desde o princípio, pela tentativa de deixar para trás o “elitismo” daqueles que só buscam “poder e dinheiro”.

“Nunca imaginei que poderia haver uma revolução como esta. Nossa vitória parece um milagre. Hoje o homem comum ganhou”, afirmou Kejriwal em seu primeiro discurso como prefeito.

Suas primeiras medidas, de forte teor populista e que lhe deram o apoio de pequenos comerciantes e das classes mais desfavorecidas, incluíram a redução das contas de água e de luz. Elas também mostraram o rosto de uma pessoa engajada na luta social e que, durante seu curto período de governo, chegou inclusive a fazer uma manifestação no centro da capital para reivindicar o controle da polícia, que está a cargo do Ministério do Interior.

Este homem de aspecto frágil, nasceu há 45 anos na cidade de Siwani, no estado de Haryana, a cerca de 200 quilômetros de Nova Délhi, em uma família culta de classe média cujo único meio de transporte era uma “scooter”.

O jovem Kejriwal formou-se em Engenharia Mecânica no final dos anos 80 e, após um breve trabalho na montadora Tata Motors, em 1995 conseguiu uma vaga de funcionário no Ministério da Fazenda.

Essa experiência o levou a fundar, em 1999, a ONG Parivartan (“Mudança”) para ajudar pessoas de baixa renda em temas fiscais, um primeiro passo seguido, a partir de 2006, por seu pleno ativismo na revelação de casos de más práticas, corrupção ou evasão fiscal graças à lei de Direito à Informação.

“Mas nos demos conta de que era uma ferramenta insuficiente se ninguém fosse para a prisão”, lembrou Kejriwal, que por isso começou, sob a liderança do septuagenário Anna Hazare, a luta para criar uma defensoria pública que averiguasse casos de corrupção.

O esforço gerou a Lei Lokpal, aprovada por fim em dezembro do ano passado, depois das grandes mobilizações que ocorreram no país em 2011 e das greves de fome de Hazare e do próprio Kejriwal.

Foi então que, apesar da insistência de Hazare sobre o quão “suja” está a política, Kejriwal decidiu “dar um passo adiante e limpar o sistema “a partir de dentro”.

E veio o sucesso nas eleições de Nova Délhi. A vitória trouxe consigo “muita responsabilidade”, e por isso ele pediu aos membros de seu partido que nunca se esqueçam de que trabalham “para servir o povo”, uma atitude que espera levar ao governo nacional. EFE

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