Ashton Carter, um brilhante tecnocrata com a missão de enfrentar o EI
Elvira Palomo.
Washington, 5 dez (EFE).- Ashton Carter, nomeado nesta sexta-feira como secretário de Defesa dos Estados Unidos, é um intelectual brilhante e um eficiente tecnocrata que trabalhou com discrição no Pentágono, e que agora terá que assumir uma das tarefas mais difíceis de sua carreira: enfrentar os jihadistas do Estado Islâmico (EI).
Carter não serviu nas fileiras americanas como alguns de seus antecessores, mas conhece bem o Pentágono. Foi subsecretário do Departamento de Defesa entre outubro de 2011 e 2013, período no qual trabalhou dois anos às ordens do secretário Leon Panetta e um ano com Chuck Hagel, a quem substitui.
O homem nomeado hoje pelo presidente Barack Obama deixou seu cargo em dezembro do ano passado por motivos que não especificou. Em sua carta de renúncia simplesmente assinalou que havia “chegado o momento” de sair, embora aparentemente se sentisse incomodado com as ordens de Hagel.
O chefe do Estado-Maior Conjunto dos EUA, o general Martin Dempsey, se referiu a Carter durante sua cerimônia de despedida como “uma das figuras mais importantes e menos conhecidas em Washington, que trabalhou sem o glamour ou a fama, em segundo plano, para assegurar-se que através de uma boa gestão, bom senso e disciplina, somos uma organização que continua se adaptando”.
Os que o conhecem coincidem em qualificá-lo como eficiente, resolutivo e brilhante.
Especialista em política e na gestão da burocracia, Carter terá que demonstrar sua capacidade para liderar a luta contra o Estado Islâmico empreendida pela Casa Branca, que pretende também aumentar seu papel na guerra civil da Síria.
Anteriormente foi subsecretário para Aquisições, Tecnologia e Logística (2009-2011), a cargo das compras de armamento, e ajudou a acelerar o envio de armas e veículos blindados para proteger às tropas no Iraque e Afeganistão.
Durante o governo do presidente democrata Bill Clinton foi secretário adjunto de Política de Segurança Internacional do Departamento de Defesa (1990-1993).
Sua especialidade é o controle de armas nucleares, uma área na qual trabalhou tanto dentro como fora da Administração em vários estudos, analisando como conter sua expansão e como os Estados Unidos deveriam estar preparados.
Embora não use uniforme, é conhecido entre a tropa por suas múltiplas viagens ao Afeganistão e suas visitas – nunca divulgadas – ao hospital militar Walter Reed, em Bethesda (Maryland).
Além disso, nos corredores do Pentágono é recordado pelo gesto que teve ao devolver um quinto de seu salário em solidariedade com os cortes de jornada e salário sofridos pelos funcionários civis em 2013.
Tanto republicanos como democratas louvam seu trabalho consciencioso e sua extraordinária capacidade intelectual, que o fez ganhar a alcunha de “CDF” em seu círculo mais próximo.
Quando seu nome começou a ser cogitado entre os possíveis indicados, o senador democrata Carl Levin, presidente do Comitê das Forças Armadas, opinou que seria um candidato “fantástico, muito bem qualificado”, enquanto o republicano John McCain, membro do mesmo comitê, considerou que seria uma escolha “não controvertida”.
Formado em Física e História Medieval pela Universidade de Yale – é autor de uma tese sobre os monges do século XII em Flandres -, duas áreas que “não têm qualquer relação entre elas exceto que ambas me fascinam”, declarou o próprio Carter, que também recebeu a prestigiada Bolsa de Estudos Rhodes, com a qual estudou um doutorado em Física Teórica na Universidade de Oxford.
Uma mente prática que guarda todos os detalhes e que gosta que as reuniões concluam com resultados, segundo os que trabalharam com ele, que asseguram que também defende sua posição com firmeza.
Essa segurança é o que lhe custou seu primeiro trabalho aos 11 anos limpando veículos na área da Filadélfia por contrariar seu chefe, algo que lhe poderia trazer algum desgosto com Obama. No passado se mostrou a favor de manter um contingente de tropas no Iraque após 2011 e foi crítico com a política de cortes.
Se for confirmado no Senado, Carter será o quarto secretário de Defesa nos seis anos de Obama na Casa Branca, após Robert Gates, Leon Panetta e Chuck Hagel, e o primeiro subsecretário de Defesa que chega ao topo do Pentágono desde 1994.
No curso de sua carreira na Administração, foi quatro vezes reconhecido com a Medalha do Serviço Distinguido do Departamento de Defesa e também recebeu a Medalha de Defesa de Inteligência por suas contribuições neste campo.
Antes de sua última etapa no governo, foi diretor do programa de Relações Internacionais do Centro de Governo Kennedy e membro da junta diretiva do Centro Belfer, ambos da Universidade de Harvard.
Carter, casado e pai de dois filhos, é autor de vários artigos, publicações científicas, estudos sobre a Administração, e participou da edição ou elaboração de 11 livros. EFE
elv/rsd
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.