Assad diz que França apoia e combate o terrorismo ao mesmo tempo

  • Por Agência EFE
  • 19/11/2015 21h07
Reprodução - dezinteressante.com Bashar al-Assad

O presidente da Síria, Bashar al Assad, criticou a aliança da França com a Arábia Saudita e o Catar, ao afirmar que “falta seriedade” à diplomacia de Paris por “combater e apoiar o terrorismo ao mesmo tempo”, em entrevista divulgada nesta quinta-feira pela revista francesa “Valeurs Actuelles”.

“A França deve mudar de política e baseá-la sobre o único critério – e não vários – de fazer parte de uma aliança que luta exclusivamente contra o terrorismo e não de países que apoiam o terrorismo e o combatem ao mesmo tempo”, afirmou Assad.

O presidente sírio, que concedeu a entrevista no último sábado, dia seguinte dos atentados que causaram a morte de 129 pessoas em Paris, sugere ao presidente da França, François Hollande, e ao ministro das Relações Exteriores, Laurent Fabius, que “sejam sérios quando falam de lutar contra o terrorismo”.

“Não se pode combater o Daesh (acrônimo árabe para Estado Islâmico) enquanto se é aliado da Arábia Saudita e do Catar, que armam os terroristas”.

Assad afirma que é incompreensível que Hollande critique a ausência de democracia na Síria, enquanto “tem boas relações e laços de amizade” com esses dois países árabes.

“Tal contradição carece de credibilidade”, critica Assad, destacando que está disposto a colaborar na luta antiterrorista contra o EI, mas não “a perder tempo com países, governos ou instituições que o apoiam”.

“Não se pode lutar contra o terrorismo sem ter relação com a força que combate o Daesh e o terrorismo no terreno”, disse Assad, em referência às tropas governamentais, lembrando que sempre pediu uma coalizão internacional antiterrorismo.

“Se Hollande e Fabius querem apoiar o povo sírio em favor da democracia, seria melhor que apoiassem antes o povo saudita”, afirmou Assad, além de ressaltar que, pelo interesse do próprio povo francês, ambos “deveriam mudar de política”, pois há cinco anos a atual estratégia “não beneficiou em nada”.

Os atentados da sexta-feira e os de janeiro contra o jornal satírico “Charlie Hebdo” “são a prova de que tenho razão”, disse Assad, que no sábado se reuniu com parlamentares e intelectuais franceses.

Na entrevista, Assad critica também a falta de independência da política francesa em relação aos Estados Unidos e indica que “o primeiro eles que deveriam fazer é voltar para política realista, independente e amiga do Oriente Médio e da Síria”.

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