Assassinato de turistas britânicos gera dúvidas sobre segurança na Tailândia
Gaspar Ruiz-Canela.
Bangcoc, 26 set (EFE).- O assassinato de dois turistas britânicos em uma ilha paradisíaca do sul da Tailândia gerou dúvidas sobre a imagem da segurança do país asiático, um movimentado destino de viajantes de todo o mundo.
Os corpos dos britânicos David William Miller, de 24 anos, e Hannah Victoria Witheridge, de 23, foram encontrados no dia 15 de setembro em uma praia de Koh Tao, uma ilha turística conhecida pelo mergulho no Golfo da Tailândia.
Os jovens tinham sido assassinados com uma enxada e no corpo da garota foram encontrados restos de esperma de uma terceira pessoa.
Mais de uma semana depois, a polícia ainda não deteve ninguém, embora tenha dito estar perto de fazê-lo, após dezenas de interrogatórios e testes de DNA em moradores locais e turistas na pequena ilha de 21 quilômetros quadrados e menos de 2.000 habitantes registrados.
A Tailândia é um destino, em geral, seguro para os turistas. No entanto, o assassinato dos britânicos quebrou em parte a imagem de inocuidade de muitos lugares deste país, onde as praias e as festas regadas a álcool podem ser uma combinação de risco, segundo as autoridades.
Após o crime em Koh Tao, o primeiro-ministro e chefe da junta militar, Prayuth Chan-ocha, advertiu aos turistas estrangeiros que tivessem muita prudência.
“Sempre há problemas com a segurança com os turistas. Eles pensam que nosso país é bonito e seguro, e que podem fazer o que quiserem, usar biquíni e andar em qualquer lugar. Mas será que as garotas estão seguras de biquíni se forem bonitas?”, questionou o também chefe do exército.
Mais tarde, Prayuth pediu desculpas por este comentário e ressaltou que a Tailândia é segura e que sua intenção era só pedir prudência para os turistas.
Segundo dados da ONU, a porcentagem de crimes na Tailândia é muito menor que em outros países asiáticos ou na América Latina.
Nos últimos cinco anos foram assassinados 13 britânicos no país asiático, que recebe 800 mil cidadãos do Reino Unido anualmente.
Koh Tao, que nos anos 1930 e 1940 alojava uma prisão para prisioneiros políticos, é um dos destinos mais populares na Tailândia, sobretudo para os mochileiros e os amantes do mergulho.
No começo da investigação do crime, a imprensa local qualificou de “errático” o trabalho da polícia, que não isolou bem o local e se apressou a interrogar imigrantes birmaneses e outros turistas sem resultados.
No domingo passado, o escocês Sean McAnna, amigo de David Miller, publicou no Facebook a foto de dois homens que supostamente tinham o ameaçado de morte em Koh Tao e a quem relacionou com o assassinato.
Um deles, irmão de um chefe local, foi interrogado pela polícia alguns dias mais tarde, embora tenha negado as acusações, e o segundo ainda está sendo procurado.
Os aldeões da ilha oferecem uma recompensa de 713 mil batsa (cerca de US$ 22 mil) para quem possa dar pistas que levem à detenção dos assassinos.
As autoridades tailandesas receberam muitas críticas também em 2012 quando libertaram condicionalmente o suposto estuprador de uma turista holandesa de 19 anos.
Nas redes sociais, moradores veteranos de Bangcoc insistem em que, apesar destes casos esporádicos, no geral a Tailândia não é insegura.
“Viajei por toda a Tailândia nos últimos 20 anos por todo tipo de lugares, de dia e de noite. Me sinto muito mais seguro aqui que no Reino Unido”, disse Richard Barrow, um blogueiro popular que escreve sobre turismo e sociedade.
Outro internauta confessou que após passar uma década no país a única vez que foi atacado foi por um “alemão bêbado em Bangcoc”. EFE
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