Assunção planeja usar rio Paraguai para “desafogar” trânsito caótico

  • Por Agencia EFE
  • 01/02/2015 00h29

María Sanz.

Assunção, 1 fev (EFE).- Banhada pelo rio Paraguai, a cidade de Assunção pretende aproveitar esse curso de água para instalar um sistema de transporte fluvial de passageiros que alivie o caótico trânsito que deixa o centro da capital em colapso.

A ideia, incluída em um plano apresentado recentemente na Junta Municipal, parte da base de que um milhão e meio de veículos trafegam a cada dia útil em Assunção, que conta com meio milhão de habitantes, segundo o último censo.

Cerca de 80% desses veículos provêm da região metropolitana da cidade, que no total tem uma população de dois milhões e meio de pessoas.

Diante dessa situação, os criadores do projeto dirigem sua atenção ao rio Paraguai e a seu uso como transporte alternativo para as comunidades vizinhas de suas margens.

“Queremos aproveitar as águas do rio para descongestionar o trânsito caótico e estressante de Assunção”, explicou à Agência Efe Víctor Sánchez, vereador encarregado de apresentar o projeto.

O serviço de transporte fluvial proposto abrangeria o trecho compreendido entre as cidades de Lambaré e Mariano Roque Alonso, ambas na Grande Assunção, detalhou Sánchez.

O projeto contaria, em uma primeira fase, com dez embarcações com capacidade para entre 80 e 100 passageiros, que sairiam a cada hora dos dois extremos do trajeto.

O estudo contempla a possibilidade de conectar o serviço fluvial com o futuro serviço de ônibus de transporte rápido, que deve ser instalado em uma das principais vias da cidade e cujo início das obras está anunciado para novembro. A isso se acrescentaria o aproveitamento da antiga via ferroviária, que foi a primeira da América do Sul e que é usada hoje como caminho para pedestres.

Sánchez indicou que o projeto busca também “gerar desenvolvimento econômico e elevar a qualidade de vida” dos moradores dos bairros pobres junto ao rio, que constituem um quinto dos residentes em Assunção, segundo a prefeitura.

A intenção é que a passagem custe cerca de 2.400 guaranis (pouco mais de R$ 1), o equivalente ao preço atual do bilhete de ônibus urbano.

De fato, a proposta pretende também oferecer aos usuários da Grande Assunção uma forma de transporte distinta dos criticados ônibus coletivos, que segundo Sánchez oferecem um serviço “lento e quase desumano”, por não respeitar “as condições mínimas de segurança”.

A baixa qualidade do transporte público da capital paraguaia provocou inclusive uma queda em seu uso, de 64% em 1998 a 52% na atualidade, segundo dados do relatório de Cidades Emergentes e Sustentáveis do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

Paralelamente, produziu um aumento do uso de carros e motos pela população, com uma taxa de 67 veículos por cada mil habitantes e um crescente uso do transporte particular, segundo o mesmo relatório.

O aspecto turístico também está presente no projeto municipal, já que seus criadores estimam que servirá para atrair visitantes a uma cidade que embarcou na reabilitação de seu deteriorado centro histórico.

Este plano, que está a cargo da empresa espanhola Ecosistema Urbano, pretende criar um “processo mestre” que devolva à cidade o brilho perdido nas últimas décadas, após o êxodo de seus moradores a outros bairros em crescimento.

Em complemento, o plano de rotas fluviais nasce também para dar vida ao porto de Assunção, outra região “adormecida” da capital.

“O rio Paraguai foi a primeira via de conexão de Assunção com o resto do mundo, e é essa a ideia que pretendemos recuperar”, finalizou Sánchez. EFE

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