Ataque talibã contra escola no Paquistão deixa pelo menos 148 mortos

  • Por Agencia EFE
  • 16/12/2014 17h08

(Acrescenta novas informações e atualiza o número total de vítimas).

Islamabad, 16 dez (EFE).- Um sangrento ataque talibã contra uma escola do Paquistão nesta terça-feira deixou pelo menos 148 mortos – entre eles sete integrantes do grupo radical – e 131 feridos, a maior parte crianças, em uma das piores ações terroristas no país, que se prolongou durante horas e gerou uma enérgica condenação internacional.

O diretor-geral do escritório de relações públicas do Exército paquistanês (ISPR), Asim Bajwal, declarou em entrevista coletiva que 132 das 141 vítimas fatais eram meninos, com idades entre 7 e 17 anos. Os outros nove eram funcionários do colégio.

Entre os 131 feridos estão nove militares que ajudaram na operação de libertação das 960 pessoas que estavam no interior da escola.

Um grupo de insurgentes vestidos com uniformes do Exército entrou pelos fundos do colégio, administrado por militares na cidade de Peshawar, antes do meio-dia no horário local (6h de Brasília), equipados com várias armas e coletes com explosivos, detalhou Bajwal.

Segundo ele, os talibãs não tinham intenção de fazer reféns, apenas de conseguir atingir o maior número possível de vítimas.

Um porta-voz da polícia, Sedi Wali, afirmou à Agência Efe que os talibãs abriram fogo e lançaram granadas contra meninos e professores, enquanto iam de sala em sala disparando contra os alunos.

“Estávamos em uma das salas quando escutamos os disparos. O som dos tiros se aproximava até que a porta se abriu e duas pessoas começaram a disparar”, revelou um dos alunos sobreviventes, de 14 anos, ao jornal local “The Express Tribune”.

O Exército paquistanês teve dificuldades para retomar o controle do local, dificultado pelos explosivos instalados pelos talibãs no interior do colégio. O ataque só foi encerrado por volta das 18h20 locais (11h20 de Brasília), quando os militares conseguiram matar sete insurgentes que estavam entrincheirados.

As emissoras de televisão do país mostraram as cenas de caos ao redor da escola. Um grande número de soldados e ambulâncias se encontrava nos proximidades, enquanto disparos e explosões podiam ser ouvidos no interior do prédio.

Após retomar o controle do colégio, o Exército paquistanês lançou uma operação contra o grupo radical na cidade e posteriormente o ampliou para a Khyber Pakhtunkhwa para buscar outros insurgentes.

O principal grupo talibã paquistanês, o Tehrik-e-Taliban Pakistan (TTP), reivindicou a autoria do ataque e alegou que, “para o exército”, suas famílias “são alvos” nas operações militares contra os insurgentes nas regiões tribais do Waziristão do Norte e de Khyber.

“Queremos que sintam nossa dor”, disse o grupo em comunicado, no qual acrescentou que entre seus membros que participaram do ataque estavam “suicidas” com “ordens de atirar nos estudantes mais velhos, mas não nas crianças”, como reproduziram jornais paquistaneses.

O exército paquistanês realiza uma campanha desde junho nas regiões do Waziristão e de Kyhber com contínuos bombardeios e operações terrestres que, de acordo com fontes oficiais, causaram mais de 1.100 mortes.

O TTP foi criado em 2007 sob a liderança de Baitullah Mehsud – morto por um drone em 2009 – no calor da revolta islamita contra o regime militar liderado então pelo general Pervez Musharraf.

O primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, afirmou que o ataque é uma “crise nacional” e que os culpados não serão perdoados. Além de decretar três dias de luto em todo o país, ele convocou uma reunião amanhã em Peshawar com todos os partidos representados no parlamento.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, classificou o ataque como “atroz” e reiterou seu compromisso na luta contra o terrorismo e o extremismo.

“Os EUA condenam nos termos mais fortes este horrendo ataque”, destacou Obama em comunicado divulgado pela Casa Branca.

Líderes de países vizinhos como a Índia, Narenda Modi, e o Afeganistão, Ahsraf Gani; o coordenador da ONU no Paquistão, Timo Pakkala, e outras organizações de direitos humanos como a Anistia Internacional condenaram energicamente o massacre.

Se somaram a eles os vencedores do Nobel da Paz deste ano, a paquistanesa Malala Yousafzai, que em 2012 quase morreu por causa de um ataque talibã, e o indiano Kalaish Satyarthi.

A ação de hoje é uma das piores ocorridas nos últimos anos no país asiático, que viveu em novembro um atentado que deixou 57 mortos e 112 em um posto na fronteira do Paquistão com a Índia. EFE

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