Atentado do EI contra mercado abala Iraque e desperta fantasmas sectários

  • Por Agencia EFE
  • 18/07/2015 17h29

Bagdá, 18 jul (EFE).- O Iraque ainda sente os efeitos de um dos maiores atentados dos últimos tempos, que deixou ontem à noite mais de 115 mortos e que voltou a despertar os fantasmas sectários no país, depois de o grupo terrorista Estado Islâmico lançar o ataque em “vingança” contra os xiitas.

O ataque contra um mercado popular da região de Khan Beni Said, no nordeste de Bagdá, foi reivindicado pelo EI. O terrorista suicida detonou um veículo carregado com três toneladas de explosivos na frente do mercado.

Fontes de segurança consultadas pela Agência Efe garantiram que as vítimas eram civis, tanto xiitas como sunitas, e a própria ONU denunciou este “massacre destrutivo que causou a morte de dezenas de famílias inocentes que se preparavam para celebrar o Eid ul- Fitr”, festividade que encerra o mês sagrado do Ramadã.

Durante estes dias festivos é tradição sair para passear e comprar doces e presentes, por isso o mercado de Beni Said estava abarrotado no momento do ataque, um dos mais mortais desde que o EI proclamou em junho de 2014 um califado nos territórios que conseguiu tomar no Iraque e na Síria.

O porta-voz do parlamento iraquiano, Salim Al Jabouri, condenou hoje “a explosão criminoso atroz” na província de Diyala, no nordeste de Bagdá, de população majoritariamente xiita.

E alertou para “as tentativas do EI de perturbar a segurança de Diyala, instrumentalizando os sentimentos sectários (da população)”, o que representa um dos principais desafios para as autoridades iraquianas, acusadas muitas vezes de alimentar as tensões entre sunitas e xiitas.

Jabouri pediu unidade a população Diyala e garantiu que o caos não vai se instalar novamente na região.

O representante da ONU para o Iraque, Jan Kubis, expressou sua “profunda tristeza” e disse que “estes atos terroristas não vão prejudicar a verdadeira e profunda confiança na convivência pacífica entre os filhos de Diyala e do Iraque”.

A ONU denunciou reiteradamente que os civis são as principais vítimas da violência no Iraque e que sofrem graves abusos do EI, que persegue minorias religiosas e étnicas, e todos aqueles que não seguem a interpretação estrita do islã predicada pelo grupo.

Além das tensões sectárias, o grande atentado de ontem à noite evidenciou as falhas de segurança, que foi reforçada nas cidades iraquianas por causa do fim do Ramadã e da realização do Eid ul-Fitr.

As autoridades locais de Diyala formaram uma comissão para investigar o ataque e como o veículo bomba, de grande tamanho, pôde chegar até o mercado apesar das medidas de segurança.

O vice-presidente iraquiano, Ayad Allawi, condenou categoricamente o ataque e pediu as autoridades que atuem de forma rápida para descobrir os autores e levá-los a justiça.

“As justificativas já não são aceitáveis diante desta cena sangrenta e (da morte de) dezenas de vítimas inocentes todos os dias por causa da ausência de planos adequados antes os desafios (que apresenta) o terrorismo”, criticou Allawi.

“É necessário um trabalho sério para parar estes massacres contra nosso povo”, ressaltou o vice-presidente em uma clara referência à necessidade de melhorar a eficiência das medidas de prevenção de ataques deste tipo, muito frequentes no Iraque, embora poucas vezes tão mortíferos como o de Beni Said.

Além da centena de vítimas mortais, 130 pessoas ficaram feridas. A explosão do caminhão-bomba provocou a destruição de 50 locais comerciais e 70 veículos privados, além de uma grande cratera no solo, detalharam a Efe fontes de segurança.

Na província de Diyala, ainda sacudida hoje pelo brutal ataque, foram decretados três dias de luto e todas as celebrações do Eid ul-Fitr foram suspensas. EFE

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