Ativista exige que Partido Colorado peça perdão por participação na ditadura
Assunção, 1 fev (EFE).- O ativista dos direitos humanos Martín Almada, que foi torturado durante o governo de Alfredo Stroessner no Paraguai (1954-1989), exigiu neste sábado que o Partido Colorado peça perdão por sua participação no regime militar e retire o título de presidente de honra concedido ao ditador.
Almada, que descobriu em 1992 os chamados “Arquivos do Terror”, documentos oficiais que revelavam os abusos do regime de Stroessner, fez o pedido nas vésperas da comemoração dos 25 anos da queda do ditador, que acontecerá na segunda-feira.
Em carta dirigida a Lilian Samaniego, presidente do Partido Colorado, o ativista afirmou que a legenda deve “pedir perdão ao povo paraguaio por seus crimes e roubos para caminhar rumo ao novo rumo prometido durante a campanha presidencial”.
Os colorados ganharam as eleições do ano passado com Horacio Cartes como candidato presidencial.
O Partido Colorado foi um dos pilares do regime de Stroessner, que beneficiou seus partidários com cargos no poder e a distribuição irregular de enormes extensões de terra.
Almada pediu a Samaniego que se retire o cargo de “presidente de honra” do partido concedido a Stroessner, assim como a vice-presidência de Sabino Augusto Montanaro, que foi seu ministro do Interior, “pelas graves violações dos Direitos Humanos” cometidas pelo regime.
Montanaro se asilou em Honduras e foi posto em prisão domiciliar ao retornar no Paraguai, onde era acusado de tortura, sequestro e desaparecimento forçado de pessoas, mas morreu em 2011, antes de seu julgamento ser concluído.
Stroessner, por sua parte, morreu em 2006, no Brasil, para onde viajou em 1989, após o golpe de estado que o depôs.
A Comissão de Verdade e Justiça (CJV) do Paraguai comprovou a existência de 425 executados ou desaparecidos durante a ditadura e de quase 20 mil detidos, a grande maioria vítimas de torturas.
Almada foi detido por “terrorismo” por um estudo que escreveu sobre educação. Sua mulher morreu de ataque do coração após escutar por telefone como o torturavam e receber a roupa de seu marido ensanguentada.
Atualmente, o ativista dirige a fundação de direitos humanos Celestina Pérez de Almada, batizada em homenagem a sua esposa. EFE
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