Ativistas denunciam recrutamento de menores em conflito na Síria
Beirute, 4 ago (EFE).- Milícias pró-governo e curdas, além do grupo terrorista Estado Islâmico (EI) e da Frente al Nusra – filial da Al Qaeda, recrutam menores de idade para enviá-los ao campo de batalha na Síria, denunciou nesta terça-feira o Observatório Sírio de Direitos Humanos.
O caso mais conhecido é o do EI que, segundo dados da ONG, submeteu 1.100 menores de 16 anos a treinamento em suas bases desde o começo deste ano.
Este grupo manda os denominados “filhotes do califado para o campo de batalha, após fazer uma lavagem cerebral”, que inclui treinamento militar e formação religiosa, denunciou a organização.
O primeiro grupo de “filhotes do califado” apareceu em janeiro e foi enviado para combater em Kobani, um dos principais enclaves curdos da Síria.
O Observatório destacou que 89 menores morreram desde o início de 2015 após se unirem ao EI, e 19 deles cometeram atentados suicidas com carros-bomba.
Várias vezes e com fins de propagandísticos, crianças e adolescentes protagonizaram vídeos do EI. Em um deles mataram a tiros dois russos e um árabe-israelense, acusados pelos radicais de ser espiões. Em outro um menor decapitou um suposto oficial do regime sírio.
Outra facção armada que alista menores é a Frente al Nusra, que treinou um grupo em seu quartel de “filhotes de al-Aqsa em preparação de mujahedins” entre junho e julho. Ali, foram doutrinados e submetidos a treinamento militar, através do chamado Centro de Defesa da Jihad, dirigida pelo clérigo saudita Abdallah al-Mohaisany.
As Unidades de Proteção do Povo (PKK), milícias curdo-sírias, também recrutaram dezenas de menores nas áreas sob seu controle em Al Hasaka, Afrin e Kobani, no norte da Síria.
O Observatório lembrou que várias ONGs, entre elas Human Rights Watch, solicitaram à PKK que pare de alistar crianças e adolescentes, e que desmobilizem os que foram enviados para lutar.
Do lado do regime sírio, as Forças de Defesa Nacional, milícias pró-governo, também alistaram menores, que chamam de “filhotes da defesa nacional”.
O Observatório documentou a existência de um campo de treinamento de menores na cidade de Al-Suqaylabiyah, no oeste da província de Hama, onde recebem formação militar até serem enviados ao front.
A ONG assinalou que recebeu informações de que poderia haver outros lugares semelhantes em outras partes da Síria.
O Observatório atribuiu à comunidade internacional a responsabilidade pela situação na Síria, especialmente a das crianças no país, por seu fracasso na hora de protegê-los.
Além disso, reiterou seu pedido ao Conselho de Segurança da ONU para que emita uma resolução de cumprimento obrigatório para parar a violência no território sírio e apresentar os crimes de guerra e contra a humanidade no Tribunal Penal Internacional (TPI). EFE
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