Aumento da violência neonazista gera debate e protestos na Suécia

  • Por Agencia EFE
  • 16/03/2014 10h23
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Copenhague, 16 mar (EFE).- A sequência de incidentes violentos protagonizados por grupos neonazistas nos últimos meses gerou preocupação na sociedade sueca e protestos contra a crescente visibilidade dos movimentos de extrema direita.

O mais recente foi um incidente registrado na madrugada do dia 9, no último domingo, em Malmo, ao sul do país, no qual quatro pessoas ficaram feridas em um enfrentamento após uma manifestação de grupos de esquerda pelo Dia Internacional da Mulher.

Um deles, um jovem de 25 anos, permanece internado em coma após sofrer várias punhaladas, e há três pessoas detidas, suspeitas de vários tentativas de assassinato.

Embora a polícia tenha sido cautelosa sobre os fatos e os motivos dos autores, o Partido dos Suecos (extraparlamentar) admitiu que dois dos detidos são membros desse partido de extrema-direita, e alega que se eles se limitaram a se defender de uma agressão.

Milhares de pessoas se manifestaram no domingo passado por todo o país e as concentrações se repetiram nos últimos dias.

No dia seguinte do ataque em Malmo, duas escolas de Estocolmo com turmas especiais para alunos judeus apareceram pintadas com suásticas, incidente que também foi noticiado na mídia sueca, que dedicou capas à manifestação da extrema-direita.

As mobilizações também geraram reações no âmbito político. O primeiro-ministro, o conservador Fredrik Reinfeldt, reconheceu a preocupação perante o nazismo que “polui” o clima social e alertou contra um núcleo de ativistas “muito violento e agressivo”.

O líder da oposição, o social-democrata Stefan Lofven, convocou todos os partidos a se unirem em um debate sobre se a Suécia está preparada para enfrentar a ameaça neonazista.

Do convite, apenas o partido Democratas da Suécia, grupo xenófobo com representação parlamentar desde 2010, foi excluído.

O porta-voz social-democrata em assuntos judiciais, Morgan Johansson, pediu o comparecimento no parlamento do chefe dos serviços de inteligência (Säpo), Anders Thornberg.

“Não se pode excluir a possibilidade de haver um Breivik (Anders Behring Breivik, terrorista norueguês e autor dos ataques que deixaram 76 mortos na Noruega em 2011) sueco nesses grupos. A tarefa do Säpo é investigá-los”, disse Johansson, em alusão ao autor dos atentados de 2011 na vizinha Noruega.

A Suécia tem dois precedentes de “lobos solitários” de ideologia ultradireitista que atacaram imigrantes: John Ausonius, “o homem-laser”, e Peter Mangs, o “franco-atirador de Malmo”, ambos atualmente cumprindo prisão perpétua por vários assassinatos.

O incidente do dia 9 de março acontece menos de três meses depois que um grupo de neonazistas do Movimento de Resistência Sueco atacou os presentes de uma manifestação anti-racista em Kärrtorp, ao sul de Estocolmo, ferindo várias pessoas.

Sete agressores desse episódio ainda receberão suas sentenças, após terminar o fim do julgamento, na semana passada.

O último relatório anual da revista “Expo”, dedicada a analisar os movimentos de extrema-direita, constatou maior atividade nesses círculos, que teme-se que aumente antes das eleições legislativas e municipais de setembro.

Ao todo, 12 membros de vários grupos de extrema direita suecos foram nas últimas semanas a Kiev para participar das revoltas contra o governo anterior, apoiando partidos de ideologia similar ao Setor de Direitas e Svoboda.

Um dos três detidos pelo incidente de Malmo acabava de retornar da Ucrânia, revelou a “Expo”.

O Säpo havia admitido dias antes que sabia da presença de nazistas suecos na Ucrânia, mas que não lhe constava que tivessem intenção de cometer delitos com motivações políticas na Suécia.

O Partido dos Suecos, surgido em 2009 a partir da Frente Nacional-Socialista, rejeita a vinculação ao nazismo, embora defenda uma Suécia “etnicamente homogênea”.

Nas eleições municipais de 2010 venceu um vereador em Grästorp, o primeiro de um partido nazista na Suécia em 70 anos, embora nas eleições gerais tenha ficado com apenas 0,01% dos votos. EFE

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