Aumento da violência no Sudão do Sul impede ajuda humanitária, segundo MSF

  • Por Agencia EFE
  • 22/05/2015 10h26

Nairóbi, 22 mai (EFE).- A organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) expressou nesta sexta-feira “extrema” preocupação com o recente aumento de violência no Sudão do Sul, o que causou a suspensão da assistência humanitária e a retirada dos médicos em certas regiões, e alertou que muitos centros de saúde estão sendo atacados.

“Estamos extremamente preocupados com o aumento da violência nos últimos dias e por suas consequências para a população civil. Tivemos que fechar centros e retirar a nossos profissionais por não poder garantir sua segurança”, disse em entrevista coletiva o chefe da missão da MSF no Sudão do Sul, Paul Critchley.

Nas últimas semanas, o aumento da violência nos estados de Jonglei, Unity e Alto Nilo deixou os civis “expostos e sem o atendimento médico necessário”, por isso muitos deles tiveram que buscar refúgio nos centros de proteção de civis das Nações Unidas.

Segundo explicou Critchley, as equipes de saúde não podem acessar algumas regiões devido aos confrontos, como é o caso da cidade de Malakal, onde a MSF não pode entrar para prestar assistência a cerca de 30 mil pessoas.

Os recentes ataques também destruíram a cidade de Phom el-Zeraf, no estado de Jonglei, onde o hospital, um dos principais centros de saúde do estado, foi demolido.

Perguntado sobre a autoria destes ataques contra instalações de saúde, o subdiretor de operações da MSF, Pete Buth, não quis entrar em especulações e insistiu que “o trabalho da MSF não é investigar estes fatos, mas proteger a população”.

Buth afirmou que o nível de violência é “inaceitável” e que “todas as partes têm que respeitar a população civil e a assistência humanitária”.

A organização decidiu que as clínicas móveis que foram suspensas em algumas regiões não voltarão enquanto não tiverem garantias de segurança.

A situação piora agora com a temporada de chuvas, que dificulta ainda mais o acesso a certas áreas e aumenta a tensão com o possível surgimento de novos surtos de cólera ou malária.

“A desnutrição é outro problema que persiste. A população não tem acesso a comida, água potável e atendimento médico. A situação é de extrema vulnerabilidade”, alertou a organização.

O conflito no Sudão do Sul começou em dezembro de 2013, entre forças do presidente sul-sudanês, Salva Kiir, de etnia dinka, e do ex-vice-presidente Riak Mashar, da tribo nuer, e causou milhares de mortes e deixou dois milhões de refugiados. EFE

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