Austrália celebra repetição do julgamento do jornalista Peter Greste no Egito

  • Por Agencia EFE
  • 02/01/2015 01h08

Bangcoc, 2 jan (EFE).- A ministra das Relações Exteriores da Austrália, Julie Bishop, comemorou nesta sexta-feira a notícia da repetição do julgamento do repórter australiano Peter Greste e não descartou a possibilidade de ele ser repatriado.

Um tribunal egípcio determinou ontem a reedição do processo contra Greste e outros dois jornalistas da emissora “Al Jaazera”, presos em desde dezembro de 2013 acusados de colaborar com o grupo Irmandade Muçulmana e divulgar notícias falsas.

“No passado, o governo egípcio indicou que consideraria algum tipo de acordo de transferência de prisioneiros. Agora há uma nova lei, o que nos dá otimismo para que ele possa retornar à Austrália”, explicou Julie em entrevista à emissora local “Nine Network”.

“No entanto, agora que se admitiu a apelação e as penas foram retiradas, acho que há mais possibilidades, mais opções para a família de Greste”, acrescentou a ministra das Relações Exteriores.

O irmão do jornalista australiano, Michael Greste, disse que os advogados já solicitaram a repatriação ao procurador-geral do Egito depois de o governo do país ter aprovado em novembro uma lei que permite deportar prisioneiros estrangeiros.

Michael mencionou que o próprio presidente egípcio, Abdul Fatah al Sisi, disse ser favorável à deportação.

“Achamos que há uma janela de oportunidade para que o presidente egípcio exercite seu poder sobre esse novo decreto”, destacou ao canal “ABC”.

Greste e o jornalista egípcio-canadense Mohammed Fahmy foram condenados em junho a sete anos de prisão, enquanto o egípcio Baher Mohammed viu sua pena aumentada em outros três anos, para dez, por possuir uma bala no momento de sua detenção.

Desde que foram detidos há pouco mais de um ano em um hotel do Cairo, os três ficaram na prisão de Tora, também na capital egípcia.

Sob as mesmas acusações foram condenados a dez anos de prisão outros 12 jornalistas. Outros três estudantes também receberam pena de sete anos de prisão.

A detenção e a condenação de Greste foram muito criticadas por ONGs e pela comunidade internacional. Várias campanhas foram feitas nos meios de comunicação para pedir a libertação dos repórteres no período.

A Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou em seu relatório anual, divulgado em dezembro passado, que no Egito há 16 jornalistas atrás das grades.

A RSF também assinalou recentemente que as autoridades egípcias exercem “uma terrível repressão dos jornalistas sob a bandeira da luta contra o terrorismo” e com a desculpa da “caça à Irmandade Muçulmana”.

A Irmandade Muçulmana venceu as eleições após a queda de Hosni Mubarak em 2011, mas dois anos mais tarde foi retirada do poder através de um golpe de Estado.

A “Al Jazeera” foi vetada no Egito, acusada de servir aos interesses do grupo, que foi declarado organização terrorista em dezembro de 2013, seis meses depois do golpe de Estado que depôs o islamita Mohammed Mursi. EFE

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