Austrália está cansada de “sermões” da ONU sobre sua política migratória

  • Por Agencia EFE
  • 09/03/2015 05h12
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Sydney (Austrália), 9 mar (EFE).- O primeiro-ministro da Austrália, Tony Abbott, disse nesta segunda-feira que seus compatriotas “estão cansados de receber sermões da ONU” sobre sua política contra a imigração ilegal, após a divulgação de um novo relatório do organismo sobre a tortura.

O conservador Abbott afirmou, em um discurso no parlamento, que as Nações Unidas deveriam dar mais crédito ao governo de Canberra, porque sua política deteve o fluxo incessante de embarcações com imigrantes e pôs fim as mortes em alto-mar.

“O mais humano, mais decente, mais compassivo que se pode fazer é deter essas embarcações porque centenas, acreditamos que ao redor de 1.200, se afogaram durante o florescimento do contrabando de pessoas no governo anterior”, destacou.

O último relatório do relator especial da ONU contra a tortura, o argentino Juan Méndez, assinalou que alguns aspectos da política australiana sobre imigração ilegal transgridem a convenção internacional contra a tortura.

O documento, que será apresentado hoje ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, também considerou que a Austrália fracassou em fornecer as condições adequadas aos solicitantes de asilo nos centros de detenção e exigiu o fim da reclusão de menores.

Além disso, pediu que o país interrompa a escalada de violência no centro de detenção financiado pela Austrália na ilha Manus, em Papua Nova Guiné.

O diretor do Centro Legal de Direitos Humanos, Daniel Webb, afirmou que o governo de Canberra viola a convenção contra a tortura, da qual é signatária.

Este relatório se soma a outros recentes que criticam a política de imigração da Austrália, como o relatório anual da Anistia Internacional sobre a situação dos direitos humanos e o estudo “As crianças esquecidas”, elaborado pela Comissão de Direitos Humanos da Austrália e dirigido por Gillian Triggs, que reivindica a libertação das crianças solicitantes de asilo e denuncia os graves problemas psicológicos e os abusos sofridos pelos menores em detenção.

O governo australiano começou no início de século uma política consistente de deter os imigrantes ilegais em alto mar e enviá-los a centros em terceiros países, para que tramitem dali seus pedidos de asilo.

Muitos dos imigrantes que viajam até a Austrália fogem de conflitos, como os de Afeganistão, Sudão, Paquistão, Somália e Síria, e outros tentam escapar da discriminação ou da condição de apátridas, como a minoria rohingya em Mianmar (antiga Birmânia) e a bidun no Kuwait. EFE

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