Áustria e Sérvia recordam a Grande Guerra e citam UE como projeto de paz
Belgrado/Viena, 28 jul (EFE).- Áustria e Sérvia lembraram nesta segunda-feira o início da Primeira Guerra Mundial – quando Viena declarou a guerra a Belgrado há um século – com mensagens de paz que exaltavam a importância da União Europeia (UE) para evitar novos conflitos bélicos no continente.
Na Sérvia, onde entre 1914 e 1918 morreu mais de um quarto de sua população, o governo realizou hoje uma reunião simbólica do conselho de ministros na cidade de Nis, ao sul do país, onde o então primeiro-ministro sérvio, Nikola Pasic, recebeu o breve telegrama com o qual o Império Austro-Húngaro declarava guerra à Sérvia, o que abriu um conflito generalizado na Europa e deixou mais de 10 milhões de mortos.
Nesta sessão comemorativa em Nis, o atual primeiro-ministro sérvio, Aleksandar Vucic, declarou que a Sérvia deseja hoje as melhores relações com quem há cem anos estava em guerra.
“Desejamos edificar tais relações com Áustria e Alemanha, e também com que eram nossos aliados em 1914”, disse Vucic, ao ressaltar a importância de “preservar a paz e estabilidade” na Sérvia.
Neste aspecto, Vucic assinalou que a Sérvia seguirá lutando para que “não haja guerras e para edificar a paz um país rico, com orgulho pelo trabalho e pelo progresso, não pelo número de pessoas perdidas em uma guerra”, como na I Guerra Mundial, quando foram registradas cerca de 1,2 milhão de vítimas, quase um terço de sua população na época.
“A história nos ensinou que é necessário analisar sempre e de novo as causas e os motivos dos conflitos bélicos para que os mesmos não se repitam”, concluiu o atual primeiro-ministro sérvio.
Na Áustria, nenhum ato oficial foi realizado para lembrar o centenário da Grande Guerra, já que o governo austríaco se limitou a enviar dois comunicados pela efeméride.
Em sua nota, o chanceler federal, o social-democrata Werner Faymann, destacou que o mundo vive hoje conflitos bélicos na Europa e no Oriente Médio que constituem “um grande desafio” para todos.
“Mas, talvez os incidentes do passado, que já não podemos desfazer, nos mostrem uma possibilidade de aprender as lições corretas para alcançar a paz em regiões que a tem como algo distante”, assinalou o chefe de governo austríaco em referência à Ucrânia, Síria e Faixa de Gaza.
O vice-chanceler federal, o democrata-cristão Michael Spindelegger, também destacou a importância de se “aprender as lições corretas”, principalmente perante as tendências nacionalistas e extremistas na Europa e no mundo.
“Os atuais incidentes na Faixa de Gaza e no leste da Ucrânia são tristes provas de que a dor causada pelas guerras continua sendo uma realidade no século XXI”, acrescentou.
Neste caso, ambos os políticos austríacos destacaram a importância da União Europeia (UE) como um “projeto de paz único” e “construtor de pontes no seio da comunidade internacional de estados”.
“Que possamos viver hoje em uma Europa unida e pacífica. Temos que ser conscientes que isso não é um entendimento, mas resultado de um longo processo de integração, o qual ainda não terminou”, concluiu Faymann.
A presidente do parlamento da Sérvia, Maja Gojkovic, manifestou hoje que “os resultados trágicos da Grande Guerra indicaram o caminho em direção à comunidade que hoje existe no Velho Continente, que garante a paz e cooperação”.
“A Sérvia está hoje orientada em direção ao futuro e deseja ser um estado-membro dessa família europeia”, assinalou Gojkovic em alusão à pretensão do país de entrar na UE em 2020.
“A Grande Guerra lembra a exigência da história que os desacordos e litígios devem ser solucionados com diálogo”, disse Gojkovic hoje em meio à abertura de uma exposição que lembra esse centenário em Belgrado.
A exposição apresenta importantes documentos do Arquivo da Sérvia sobre a chamada “crise de julho” de 1914, os quais narram o drama dos dias que precederam o que seria um dos maiores conflitos da humanidade.
A abertura oficial na sede do parlamento sérvio aconteceu exatamente às 7h30 (de Brasília), a hora na qual o então primeiro-ministro Pasic recebeu o telegrama de declaração de guerra, um dos documentos exibidos na mostra. EFE
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