Autoridades recuperam 54 corpos em nova tragédia migratória no Mediterrâneo

  • Por Agencia EFE
  • 26/08/2015 17h39
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Laura Serrano-Conde.

Roma, 26 ago (EFE).- Pelo menos 54 corpos foram recuperados e 2.500 pessoas resgatadas em diversas operações realizadas nesta quarta-feira no Mar Mediterrâneo, enquanto viajavam em embarcações que saíram da costa da Líbia e tinham como destino à Itália.

A Guarda Costeira da Itália informou à Agência Efe que “pelo menos 50 corpos” foram encontrados a bordo de um barco que estava à deriva. Eles estavam amontoados no porão de um pesqueiro no qual viajavam outras 439 pessoas resgatadas, que tinham partido com a intenção de conseguir chegar à Europa através da fronteira italiana.

Segundo as primeiras hipóteses das autoridades, os imigrantes teriam morrido por asfixia e por inalar os gases tóxicos emitidos pelos motores da embarcação.

Trata-se de uma tragédia similar à ocorrida no último dia 15 de agosto, quando foram encontrados outros 49 corpos também no porão de um pesqueiro a poucos quilômetros do litoral da Líbia.

Os porões são reservados pelos traficantes de pessoas para os que querem atravessar o Mediterrâneo na busca por uma vida melhor, mas não tem dinheiro suficiente para garantir um lugar melhor na viagem.

Os preços das passagens para conseguir chegar ilegalmente à Europa variam, mas ficam entre US$ 1.200 e US$ 1.800 por pessoa.

A embarcação sueca Poseidón, que já tinha recuperado 130 pessoas, foi que primeiro chegou ao barco que protagonizou a última tragédia no Mediterrâneo. Ao começar a socorrer os imigrantes que iam a bordo, as equipes de resgate encontraram os 50 mortos.

Além disso, a Guarda Costeira da Itália recuperou outros quarto corpos em duas operações diferentes. Em uma primeira, o navio Fiorillo auxiliou 112 pessoas que iam a bordo de uma embarcação na qual também foi encontrado um cadáver. As causas da morte não foram informadas pelas autoridades.

Também não se sabem as razões da morte de outras três mulheres que foram encontradas em uma barcaça de onde a Guarda Costeira italiana retirou outros 120 imigrantes.

Paralelamente, outro navio mercante auxiliou 225 imigrantes. Uma embarcação irlandesa, que faz parte do dispositivo Tritón da Agência Europeia de Controle de Fronteiras Exteriores, resgatou um grupo de 600 pessoas.

Nas operações também participaram a organização Médico Sem Fronteiras (MSF). Segundo confirmou à Efe uma fonte da MSF, o navio Bourbon Argonios prestou socorro a 500 pessoas na jornada, enquanto a Phoenix, operada pela organização Migrant Offshore Aid Stadion e que conta com uma equipe da MSF a bordo, salvou 400 pessoas.

A crise migratória enfrentada pela Europa é um programa que segue em um nível dramático, já que mais de 4700 pessoas foram salvas somente no último fim de semana.

Os imigrantes são posteriormente levados à Itália, mas o destino final normalmente é outro. Depois da chegada aos portos italianos e gregos, eles viajam rumo a países como França, Alemanha e Suécia.

Hoje, um grupo de 218 imigrantes chegou ao porto de Catânia, na região da Sicília, junto com o corpo de um sudanês que morreu devido a uma diabetes agravada pelas difíceis condições de viagem, informou a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur).

As condições atrozes nas quais viajam esses imigrantes foram denunciadas em diversas ocasiões pela Acnur e outras organizações como a “Save The Children” e o MSF.

A porta-voz na Sicília da “Save The Children”, Giovanna di Benedetto, lamentou hoje os abusos e maus-tratos de todo tipo que sofrem essas pessoas antes e durante a travessia pelo mar.

Além disso, criticou que os traficantes obrigam os imigrantes a viajar todo o trajeto nos porões. Se as pessoas quiserem sair para respirar um ar puro, devem pagar por isso.

Pelo menos 2.373 imigrantes morreram neste ano na tentativa de conseguir chegar ao litoral europeu. Até a mesma época do ano passado, foram 2.081 mortes, revelaram os últimos dados divulgados nesta terça-feira pela Organização Internacional de Migrações (OIM). EFE

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