Auxiliar de enfermagem com ebola diz que pode ter cometido erro

  • Por Agencia EFE
  • 08/10/2014 17h32

Madri, 8 out (EFE).- A auxiliar de enfermagem Teresa Romero, a primeira pessoa contagiada pelo ebola na Europa, disse nesta quarta-feira que está um pouco melhor e admitiu que pode ter cometido um erro no protocolo de prevenção quando tirava o uniforme protetor, depois de atender ao religioso Manuel García Viejo com o mesmo vírus.

Em declarações aos jornalistas, o médico Germán Ramírez, do serviço de Medicina Interna da Unidade de Doenças Tropicais de La Paz – Carlos III e membro da equipe que atende Teresa, disse que a paciente, embora “confusa”, reconheceu que pode ter se contaminado ao encostar o rosto nas luvas que usava.

“Estou um pouquinho melhor”, disse hoje a própria paciente com voz fina ao ser entrevistada por telefone por vários meios de comunicação.

Perguntada sobre se cumpriu todo o protocolo ela respondeu: “eu sim”.

Teresa, de 44 anos de idade, casada e sem filhos, se infectou ao estar entrar em contato com o padre espanhol Manuel García Viejo, a quem atendeu e que foi repatriado com ebola e morreu em 25 de setembro. Além de Teresa, outras quatro pessoas estão isoladas: o marido dela, Javier Limón, duas enfermeiras, e um espanhol que viajou à Nigéria.

O conselheiro madrilenho de Saúde, Javier Rodríguez, revelou hoje que a auxiliar de enfermagem foi a um salão de beleza depois de visitar o médico da família com os primeiros sintomas de febre. As duas funcionárias que a atenderam estão “sendo monitoradas”, assim como os profissionais sanitários que tiveram contato com ela.

Também como medida preventiva, o cachorro de do casal, chamado Excalibur, foi sacrificado hoje em meio a uma campanha nas redes sociais e concentrações na frente da casa para tentar salvá-lo, empenho ao qual se uniram famosos e organizações de proteção aos animais.

“Infelizmente não restou saída” a não ser sacrificá-lo, declarou o conselheiro de Saúde de Madri.

A forma com que Teresa pode ter se infectado está ocupando as autoridades espanholas que tentam descobrir qual falha no protocolo pode ter sido cometida para a prevenção do contágio, enquanto o governo pediu tranquilidade à população.

O caso espanhol também foi analisado hoje em Bruxelas pelo Comitê de Segurança Sanitária da União Europeia, em reunião com a participação de representantes dos Estados-membros, da Comissão Europeia, o Centro Europeu de Prevenção e Controle das Doenças (ECDC) e a Organização Mundial da Saúde.

O presidente do governo espanhol, Mariano Rajoy, declarou hoje, com relação ao contágio da auxiliar de enfermagem que “é preciso estar atento, mas mantendo a tranquilidade”.

Rajoy respondeu desta forma a uma pergunta do líder dos socialistas PSOE, Pedro Sánchez, em uma sessão no plenário do Congresso, e explicou as medidas tomadas até o momento, entre elas que a prioritária é o atendimento ao doente e aos suspeitos de contágio. Ele prometeu “transparência total” em todo o processo.

“A saúde espanhola é uma das melhores do mundo”, garantiu Rajoy.

Teresa está internada no Hospital Carlos III de Madri desde que o resultado de seu exame de ebola deu positivo na segunda-feira passada. Por enquanto, o marido dela não apresenta sintomas da doença.

A equipe médica que atende à auxiliar e outras pessoas isoladas no hospital disse estar “muito preocupada”, apesar de estar seguindo “com todo rigor” o protocolo estabelecido.

Santiago Yus, médico do setor de Terapia Intensiva do hospital e que faz parte da equipe que atende à paciente contagiada, considerou que o caso poderia ter sido evitado se os profissionais sanitários tivessem treinamento adequado.

A um jornal da Espanha, o médico denunciou hoje que não recebeu treinamento suficiente para atender à paciente.

“Amanhã ou depois de amanhã será a minha vez de atender a enfermeira com ebola e ninguém me ensinou a colocar a roupa. Não estou preparado. Não estou treinado e o mesmo acontece com muitos colegas”, manifestou o médico.

A Espanha repatriou dois religiosos com ebola que morreram no hospital Carlos III de Madri. Miguel Pajares foi trazido da Libéria e Manuel García Viejo, a quem a auxiliar de enfermagem atendeu, veio de Serra Leoa. EFE

nac/cdr

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