Avião que caiu no Mali se desintegrou em uma zona de nove hectares
Paris/Argel/Bamaco, 25 jul (EFE).- O avião argelino que caiu na quinta-feira em Gossi, no leste do Mali, ficou totalmente desintegrado e seus destroços espalhados em um espaço de nove hectares que são vigiados por 220 militares de França, Mali e Holanda, informaram nesta sexta-feira as autoridades francesas.
Trata-se de uma região de savana, “de 300 por 300 metros”, mas de “muito difícil acesso, particularmente em temporada de chuvas”, disse em um comparecimento perante a imprensa o ministro de Relações Exteriores da França, Laurent Fabius.
As primeiras imagens gravadas por um soldado de Burkina Fasso, um dos primeiros a chegar ao lugar, e que foram divulgadas pelo canal “France 2”, mostram uma extensa área com destroços pequenos espalhados em uma zona muito extensa.
Segundo a companhia Air Algérie, viajavam no avião 110 passageiros e seis tripulantes espanhóis, e não houve sobreviventes. Contudo, as autoridades francesas, que lideram todas as operações de busca e resgate, disseram que havia 112 passageiros, desses 54 franceses.
O dispositivo militar que controla a segurança no espaço é composto de 120 militares franceses, 60 malineses e 40 holandeses integrantes da Missão da ONU no norte do Mali (Minusma).
Desde esta manhã, a Minusma enviou dois helicópteros de combate Apache ao local para sobrevoar a região e impedir a entrada de qualquer pessoa que possa alterar o cenário do acidente, além de mandar agentes da polícia científica e médicos legistas, segundo informou a missão em Bamaco.
Uma das duas caixas-pretas já foi encontrada e levada imediatamente para Gao, a cidade mais próxima, a 100 quilômetros de Gossi, e supostamente a mais bem equipada da região.
As operações de busca e resgate são lideras, teoricamente, pelo Mali por ser o território do acidente, mas o fato é que são os franceses os que estão levando todo o peso das operações perante a fragilidade das novas autoridades malinesas.
De fato, não está claro quem está a cargo da caixa-preta achada, e o governo argelino, através de seu ministro de Transporte, Amar Ghoul, excluiu implicitamente à França dessa responsabilidade.
De acordo com ele, “a regulamentação a respeito é clara”, e a investigação compete ao país onde caíram os destroços (Mali), a transportadora (Argélia) e a construtora do avião (Estados Unidos). Em sua opinião, nenhuma hipótese deve ser excluída.
“Há pistas mais consistentes do que outras, mas só a investigação determinará as causas exatas do acidente”, disse em entrevista coletiva prévia Abdelaziz Bouteflika, em representação do presidente da Argélia.
No momento em que desapareceu dos radares, o avião voava a 900 metros de altura, e estava a uma distância de 800 quilômetros dos aeroportos mais próximos em operação, Ouagadougou e Bamaco, já que o de Gao está fechado.
A única certeza que até o momento sobre o acidente é que o avião atravessou uma área de fortes tempestades e que a tripulação informou à torre de controle de Ouagadougou (de onde tinha decolado) sua intenção de mudar de rota exatamente antes que perder o contato.
O ministro da Defesa francês, Jean-Yves Le Drian, deu a entender que os trabalhos de resgate, que poderiam ser longos por conta da extensão da área e o difícil acesso, podem ser alterados por ataques dos remanescentes da Al Qaeda no Magrebe Islâmico (AQMI) ainda presentes na zona, embora o ministro não os tenha citado claramente.
“Não é uma zona de conflito imediato, mas a região de Gao é conhecida por ser uma região insegura devido à presença de certos grupos terroristas. Tomamos todas as medidas para garantir a segurança de nossos homens e das operações”, afirmou.
Com relação ao estado do avião, o ministro argelino lembrou que este mesmo aparelho fez o trajeto antes cinco vezes e que em todas as autorizações tinham sido entregues após seu devido exame.
Na mesma linha, a vice-presidente do governo espanhol, Soraya Sáenz de Santamaría, reafirmou hoje que o avião da companhia espanhola Swiftair tinha passado com sucesso por todas as inspeções e estava em boas condições.
Matriculado no registro de aeronaves espanhol em fevereiro de 2013, ele passou pela revisão anual para prorrogar o certificado de aeronavegabilidade em janeiro deste ano e tinha validade até final de 2014. EFE
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