Avião solar decola dos EAU para dar a volta ao mundo sem combustível
Marta Pérez Cruzado
Abu Dhabi, 9 mar (EFE).- O avião “Solar Impulsione II” decolou nesta segunda-feira do aeroporto de Al Batin, na capital dos Emirados Árabes Unidos, para fazer história dando a volta ao mundo em 12 períodos sem combustível, usando unicamente energia solar.
Com as luzes do amanhecer, o piloto suíço André Borscheberg responsável por comandar o protótipo, o segundo de sua geração, fez o aparelho decolar do solo silenciosamente rumo a sua primeira travessia, Mascate, capital de Omã.
Cerca de 400 quilômetros e 12 horas de voo, que podem ser seguidas ao vivo através de um site, separam a aeronave do aeroporto de chegada.
Junto ao piloto, também faz parte desta aventura Bertrand Piccard, com quem Borscheberg se revezará nos comandos da aeronave.
Várias pessoas estiveram presentes no local de decolagem para testemunhar desde o começo esta “aventura solar”, que pretende ser um marco histórico: percorrer 35 mil quilômetros sem usar uma só gota de combustível.
Os convidados que estiveram presentes no local tomaram posições às 6h da manhã, hora local, para poder contemplar na primeira fila a decolagem, que ocorreu às 7h12 local (1h12, em Brasília).
Entre os observadores, se encontrava Tariq Nasraldin, um piloto saudita, que assegurou à Agência Efe ter se deslocado desde a Flórida, nos Estados Unidos, para assistir ao primeiro voo do “Solar Impulsione II”.
“Sou fã e segui este projeto desde o princípio. Bertrand Piccard foi toda uma inspiração para mim desde que deu a volta ao mundo globalmente. Foi nesse momento queo decidi que queria ser piloto e instrutor de voo”, relatou Nasraldin.
Este périplo, que se prolongará durante cinco meses, inclui dois períodos de cinco ou seis dias, nas quais Borscheberg e Piccard, fundadores do projeto Solar Impulsione, tentarão atravessar os oceanos Atlântico e Pacífico.
Com essa aventura os pilotos pretendem conscientizar as pessoas sobre o uso de “tecnologias limpas e eficientes” frente aos poluentes combustíveis tradicionais.
A aeronave na qual voarão suportará temperaturas de 40 a -40 graus centígrados.
O avião conta com enormes “asas” de 72 metros de envergadura -as de um Boeing 747 Jumbo medem 68,5 metros-; embora seu peso ronde os 2.300 quilogramas.
Ele está coberto com uma fina camada de fibra de carbono que abriga 17.248 células solares que dão uma autonomia de até cinco noites e cinco dias.
A velocidade máxima à qual o avião poderá navegar será de 90 quilômetros/hora ao nível do mar, e de 140 quilômetros/hora em sua altitude máxima, 8,5 mil metros.
A cabine tem um volume de 3,8 metros quadrados, suficientes para armazenar oxigênio, comida, água, paraquedas e resto dos equipamentos necessários para os pilotos, e têm um assento ergonômico que se reclina de modo que seu ocupante possa se sentar, se esticar e inclusive fazer exercício.
Este é o segundo protótipo desse “sonho”. O primeiro, mais leve e menos potente, realizou seu primeiro voo em 2010 e conseguiu, entre outros, viajar 26 horas seguidas, e atravessar os Estados Unidos de costa a costa em cinco períodos.
O avião, que avançará a uma velocidade média de entre 50 e 100 quilômetros/hora, inclui a novidade de ser completamente fechado, por isso que poderá voar sem problemas sob a chuva.
De dia, o protótipo voará a uma altitude de 8.500 metros e de noite, para economizar energia, descerá até os 1.500 metros.
Após sua parada em Omã, o Solar Impulsione II deixará para trás o Oriente Médio, um dos símbolos da exploração dos combustíveis fósseis, para voar rumo aos horizontes da Índia, Mianmar e China.
Posteriormente, os pilotos sobrevoarão o Oceano Pacífico até a ilha americano do Havaí e já no subcontinente americano, parará em Phoenix, Arizona, e no aeroporto John F. Kennedy de Nova York para, mais tarde, adentrar o Atlântico, com a esperança de que a meteorologia ajude.
O Solar Impulsione irá parar depois no sul da Europa e no norte da África, antes de concluir sua volta ao mundo no aeroporto emiratí de Al Batin, em julho ou agosto, para fechar o círculo e concretizar um novo marco para as energias renováveis. EFE
mpc-mh/ff
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.