Avós de Praça de Maio anunciam recuperação da identidade da 117ª neta

  • Por Agencia EFE
  • 31/08/2015 20h19

Buenos Aires, 31 ago (EFE).- A associação humanitária Avós da Praça de Maio anunciou nesta segunda-feira a recuperação da identidade da neta desaparecida número 117, cujo nome não foi divulgado, nascida em cativeiro em 1978, durante a última ditadura argentina (1976-1983).

Em entrevista coletiva, a líder das Avós da Praça de Maio, Estella de Carlotto, anunciou “com enorme alegria” que foi localizada a filha de Walter Hernán Domínguez e Gladys Cristina Castro, desaparecidos em dezembro de 1977 na província de Mendoza, no oeste da Argentina.

O jovem casal, ambos militantes do Partido Comunista marxista-leninista, foi sequestrado por forças da ditadura em sua casa na cidade de Godoy Cruz, quando Gladys estava grávida de seis meses. Nunca mais se teve notícias deles.

Domínguez, de 22 anos no momento do desaparecimento, tinha se graduado em Arquitetura, mas trabalhava como motorista de ônibus. Já Gladys era formada em Design e tinha um emprego em uma padaria.

“Bem-vinda neta 117 e que venham muitos netos mais”, afirmou a líder da organização de direitos humanos, que estava acompanhada pelas duas avós e o tio paterno da nova neta recuperada.

“Ainda não sabemos nem como se chama. Ela tem muitos tios, muitos primos. Tomara que se sinta bem entre nós”, disse emocionada María Asof de Domínguez, avó paterna da neta, que chorou ao falar das buscas pelo filho.

“Nossos filhos sabiam o perigo que corriam, mas lutavam por um país melhor. Isso lhes custou a vida”, acrescentou María.

“Dentro de pouco tempo poderei conhecer minha neta, se Deus quiser”, afirmou, por sua vez, a avó materna, Angelina Catterino.

O caso teve início em 1994, quando o Movimento Ecumênico pelos Direitos Humanos de Mendoza enviou às Avós da Praça de Maio uma denúncia anônima sobre uma jovem nascida em março de 1978, que apareceu na casa de um casal de mais idade, de um dia para o outro.

A denúncia foi repassada em 2009 à Conadi, que em fevereiro deste ano contatou a neta 117 para explicar que ela poderia ser filha de pessoas desaparecidas.

“Apesar de ter sido batizada como filha própria, ela sabia que não era filha biológica, mas nunca pensou em se aproximar das Avós”, informou Estela.

A líder das Avós da Praça de Maio revelou que Josefina García de Noia, uma das 14 fundadoras do grupo e nascida em 1921, morreu nas últimas horas em Buenos Aires.

Além disso, em referência às eleições de outubro que decidirão o sucessor de Cristina Kirchner na presidência, Carlotto destacou que “as mães aprendem com os filhos” e que as Avós continuarão lutando por uma Argentina mais digna.

Cerca de 500 bebês foram roubados de seus pais pela ditadura, que também promoveu o desaparecimento de 30.000 pessoas.

Estela de Carlotto recuperou seu neto desaparecido, Guido Ignacio Montoya, em agosto de 2014. EFE

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