Azerbaijão adverte que não responderá às violações de seu espaço aéreo
Farid Grajamánov.
Baku, 14 nov (EFE).- O Azerbaijão advertiu nesta sexta-feira que responderá a cada uma das violações de seu espaço aéreo após derrubar na quarta um helicóptero militar armênio na linha de separação do disputado enclave de Nagorno Karabakh, incidente que ameaça reativar o antigo conflito azerbaijano-armênio.
O governo azerbaijano ressaltou que a derrubada do Mim-24, que causou a morte dos três tripulantes, em nenhum momento representou o descumprimento de seus compromissos diante do Grupo de Minsk (GM) de mediadores da OSCE que observam o conflito de Nagorno Karabakh, antigo enclave armênio em território do Azerbaijão.
“Baku já tinha notificado os co-presidentes do GM que, caso a Armênia violasse o espaço aéreo do Azerbaijão, a resposta seria imediata”, disse hoje o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores azerbaijano, Hikmet Gadzhiev.
Segundo o Ministério da Defesa azerbaijano, o helicóptero Mim-24 atacou as posições azerbaijanas, e por isso foi abatido pelas baterias antiaéreas.
A imprensa local celebrou a derrubada da aeronave armênia com manchetes como “O incidente do helicóptero causa pânico no inimigo”, “Armênia treme” e “Defesa lança uma dura advertência à Armênia”.
“Helicópteros militares armênios tinham efetuado vários voos de provocação nessa região e, aparentemente, estavam convencidos que não disparariam contra eles. Mas desta vez sobrevoaram posições azerbaijanas, e um foi derrubado”, disse à agência Efe o diretor da ONG Jornalistas Militares, Uzier Djafarov.
A Arménia ameaçou Baku com “consequências dolorosas” pelo incidente, considerado por muitos o mais grave com participação da aviação militar ocorrido desde a declaração de cessar-fogo em 1994 na região, considerada uma das mais militarizadas do mundo.
O presidente da Armênia, Serge Sargsian, viajou ontem para a autoproclamada república de Nagorno Karabakh, visita que foi percebida em Baku como uma provocação.
O ministro da Defesa armênio, Seiran Oganian, advertiu hoje que a resposta de seu país à derrubada do helicóptero será “ligeiramente desproporcional”.
O conflito entre os dois países vizinhos do Cáucaso Sul remonta aos tempos da antiga União Soviética, quando o território azerbaijano de Nagorno Karabakh, povoado majoritariamente por armênios, pediu sua incorporação à Armênia, fazendo explodir uma violenta guerra que deixou pelo menos 25 mil mortos.
As tropas karabajíes e armênias ocupam todo o enclave e outros sete distritos azerbaijanos, que se uniram à Armênia e criaram uma “faixa de segurança”, território que abrange 20% da superfície do Azerbaijão.
As autoridades de Baku sustentam que a regulação pacífica do conflito só é possível só se a integridade territorial, avalizada por várias resoluções da ONU, for respeitada.
O presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, declarou várias vezes que a paciência do país têm limite e se as negociações não permitirem liberar os territórios ocupados haverá que recorrer à força militar.
Uma das preocupações prioritárias do chefe do Estado, no poder desde 2003, foi o aumento da despesa militar para fortalecer as Forças Armadas.
No entanto, uma solução militar ao conflito de Nagorno Karabakh parece muito pouco factível, já que a Armênia pertence à Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), que agrupa as seis antigas repúblicas soviéticas, entre elas a Rússia, que tem uma base militar em território armênio.
O secretariado da OTSC tachou o incidente de “perigoso” e alertou para a ameaça de uma escalada do conflito. EFE
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