Ban Ki-moon mostra otimismo em relação a consenso na Cúpula do Clima em Lima

  • Por Agencia EFE
  • 10/12/2014 21h29

Carmen Jiménez.

Lima, 10 dez (EFE).- O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, demonstrou otimismo nesta quarta-feira ao considerar que todos os países participantes da Cúpula do Clima em Lima estão prontos para participar de um diálogo sério e, desta forma, estabelecer um consenso sobre como enfrentar a mudança climática, segundo declarou em entrevista concedida à Agência Efe.

Em um intervalo na Conferência da ONU sobre Mudança Climática (COP20), Ban Ki-moon falou sobre as razões de seu otimismo, assim como sua satisfação pela conquista da meta de arrecadação inicial de US$ 10 bilhões para o Fundo Verde para o Clima (GFC), cuja função será financiar países em desenvolvimento para enfrentar a mudança climática.

Esta é a oitava conferência sobre mudança climática da qual Ban participa e, segundo ele, a que mais o fez sentir que estamos sobre uma boa base.

“É necessário que todos percebam que a situação consequente à mudança climática está se agravando a cada dia, não podemos nos dar ao luxo de perder tempo, pois teremos de pagar caro por isso”, acrescentou o secretário-geral.

O diplomata coreano reconheceu que “diferenças ainda persistem” sobre “temas importantes”, mas considerou que, em função da conferência, será feita uma minuta de acordo, que deverá ser assinado na COP21 em Paris, em 2015. Esta minuta especificará mais claramente quais serão as contribuições de cada país para frear o aquecimento global.

Questionado se, diante das diferentes visões existentes nesta cúpula entre os países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento, será possível chegar a um consenso, Ban declarou que em muitas “negociações multilaterais existem essas diferenças” e disse se sentir encorajado pelas “firmes raízes que surgiram entre os Estados-membros”.

Como exemplo, Ban Ki-moon fez referência aos anúncios de redução de emissão de gases do efeito estufa feitos pela União Europeia (UE), China e Estados Unidos e disse que a UE “deu um passo muito importante” ao anunciar um corte de 40% de suas emissões até 2030.

Além disso, considerou os anúncios de redução vindos dos dois maiores poluentes do planeta, China e EUA, como um “fato histórico”.

A China anunciou que o auge das emissões de gases do efeito estufa produzidas pelo país acontecerá em 2030, quando então deverá começar a cair – neste momento, 20% da energia consumida deverá ser gerada através de fontes limpas e renováveis.

Por sua vez, os Estados Unidos se comprometeram a reduzir as emissões de gases do efeito estufa de 26% a 28%, em relação aos níveis de 2005, até 2025.

Outro sinal positivo para o secretário-geral da ONU,foi o Fundo Verde ter alcançado os US$ 10 bilhões estipulados como meta, o que representa uma “demonstração firme” de vontade política e da disposição dos países em participar de um diálogo que alcance um acordo “significativo e universal” no próximo encontro em Paris.

Ban Ki-moon destacou que as contribuições feitas ao Fundo Verde vieram não só de países desenvolvidos, mas também de países em desenvolvimento, como foi o caso do Peru e da Colômbia, que anunciaram nesta quarta-feira uma contribuição de US$ 6 milhões cada um.

Ainda há políticos e cientistas que se mostram “céticos” em relação à mudança climática e seus efeitos, no entanto, Ban Ki-moon afirma que a mudança climática é um fato e está acontecendo com mais rapidez que o esperado.

Perguntado sobre a postura de países como Austrália e Canadá, o diplomata afirmou ter conversado com autoridades de ambos os países, que agora estão participando e “contribuindo generosamente”.

Ban destacou o anúncio feito nesta terça-feira de que a Austrália irá contribuir com cerca de US$ 200 milhões e o Canadá com US$ 300 milhões para o Fundo Verde. “São sinais muito promissores”, considerou.

O secretário-geral da ONU lembrou que a meta é chegar a US$ 100 bilhões até 2020 e disse ser necessário traçar “uma rota clara” a fim de alcançar este objetivo.

“Precisamos prover apoio financeiro e tecnológico” aos países em desenvolvimento, a fim de ajudar em seus esforços para a redução e adaptação às mudanças climáticas, concluiu. EFE

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