Banco Mundial alerta para aumento de desemprego na América Latina este ano
Ao longo de 2014
emprego desaceleraO economista-chefe do Banco Mundial, Augusto de la Torre, advertiu que a desaceleração do crescimento na América Latina está se infiltrando no mercado de trabalho e vai provocar o crescimento do desemprego, sobretudo nos países que exportam matérias-primas.
Em entrevista à Agência Efe, De la Torre afirmou que o processo de baixo crescimento da América Latina é “mais pronunciado do que o esperado” e alertou que os salários começaram a cair e os índices de desemprego a subir em países como o Brasil.
Segundo ele o fenômeno que poderá ser percebido nos seguintes meses será o impacto atrasado que a desaceleração econômica teve sobre os mercados de trabalho, um tema que centrará o debate da próxima reunião anual entre o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, em outubro em Lima, no Peru.
“O futuro da América Latina não está marcado por uma crise financeira, mas pelo baixo crescimento e mercados de trabalho mais frágeis”, insistiu, apesar de ter evitado quantificar a perda de empregos envolvida com o menor crescimento na região.
O economista-Chefe do Banco Mundial assinalou que é difícil antecipar o impacto quantitativo no emprego porque as crises anteriores estiveram associadas a crises financeiras, o que não aconteceu desta vez.
Ele acrescentou que a América Latina é agora “menos vulnerável” aos riscos financeiros e conta com um sistema bancário mais sólido.
De la Torre lembrou que as últimas previsões do Banco Mundial para o crescimento médio na região estão entre 2% e 2,5%, e advertiu que a expansão da economia latino-americana esteve sempre ligada a fatores externos favoráveis, como o crescimento da China, dos EUA ou os preços do petróleo.
“Uma grande lição que a bonança dos últimos anos deixou é que se criou uma miragem, e se chegou a pensar que o crescimento seria um fenômeno permanente”, lamentou.
Para alcançar taxas de crescimento mais altas, o economista-chefe do Banco Mundial defendeu que os governos evitem as tentações fiscais expansivas e populistas e priorizem políticas que levem à inflação baixa e estável.
Além disso, considerou necessário o investimento em capital humano e no conhecimento, assim como na qualidade da educação.
Outro ponto chave é uma maior atenção ao investimento em infraestruturas, em que a maior parte dos países tem um grande “déficit”.
“A América Latina tem um atraso em investimentos em infraestrutura e não montou uma onda de modernização vigorosa, que deveria ser parecida com a que a Espanha realizou nos anos 80”, argumentou.
Assim, ressaltou a experiência da Espanha nesta matéria e o “importante papel” que seus investimentos têm na América Latina.
Além disso, indicou a importância de haver mudanças no marco regulador na região para fomentar as alianças público-privadas e estimular a entrada de mais capital estrangeiro.
De la Torre apresentará amanhã na Casa da América os últimos relatórios do Banco Mundial sobre a América Latina e a ascensão dos países do sul.
Este documento aponta que as exportações da América Latina estão no início da cadeia de valor, o que deixa suas economias mais expostas à demanda, e indica que precisam de ajustes estruturais para não serem tão afetadas pela queda dos preços das matérias-primas.
De la Torre destacou a diferença da cadeia exportadora dos países asiáticos com a da América Latina, onde não há uma rede de “valor agregado” nem de especialização que faria a região ganhar em competitividade e eficiência.
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.