Banco Mundial dobrará empréstimos a países emergentes, como o Brasil

  • Por Agencia EFE
  • 01/04/2014 15h44

Alfonso Fernández.

Washington, 1 abr (EFE).- O presidente do Banco Mundial, Jim Yong Kim, declarou nesta terça-feira que prevê dobrar seus recursos de empréstimos para países emergentes, de acordo com seu plano de reestruturação da instituição para enfrentar os novos desafios do desenvolvimento global.

Kim fez o anúncio em uma conferência no Council on Foreign Relations, na qual também insistiu na necessidade de encarar a crescente desigualdade econômica e aumentar a agilidade e flexibilidade da instituição.

Os fundos para esses países, considerados de renda média e entre os quais estão Brasil, China, Índia e México, virão do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (IBRD, na sigla em inglês).

Os dados do BM apontam que grande parte das pessoas abaixo da linha da pobreza extrema, cerca de 1,2 bilhão de pessoas que sobrevivem com menos de US$ 1,25 por dia, estão não nos países mais pobres, mas naqueles considerados de renda média como a Índia e a China.

“Agora temos a capacidade de quase dobrar nossos empréstimos aos países de renda média de US$ 15 bilhões a US$ 28 bilhões ao ano. Isto significa que a capacidade do Banco Mundial se aumentará em US$ 100 bilhões nos próximos dez anos”, disse.

Os novos recursos provirão uma corte de gastos anunciado em finais do ano passado, um aumento de sua bolsa de investimentos, e uma parceria maior com o setor privado.

Atualmente, o BM concede por ano cerca de US$ 50 bilhões, e Kim espera que nos próximos anos o número fique em torno de 70 bilhões.

“Se queremos ajudar os países em desenvolvimento a acabar com a pobreza extrema e a impulsionar a prosperidade compartilhada, temos que oferecer mais recursos financeiros, mais soluções baseadas no conhecimento e ajudar a consolidar um investimento maior do setor privado”, explicou Kim em uma conversa com jornalistas.

Apesar de que o BM tradicionalmente oferece empréstimos a taxas de juros mais baixos que outras instituições de desenvolvimento, nos últimos anos perdeu parte de sua cota para outras entidades privadas e regionais que oferecem financiamento com menos exigências burocráticas e condições.

Nesse sentido, as ONGs deram as boas-vindas a esses novos fundos por parte do BM, mas expressaram sua cautela antes de ver os resultados.

“Mais dinheiro para o desenvolvimento é positivo, mas a qualidade de seus empréstimos deve melhorar. Isso significa más notícias para os pobres, se os padrões sociais e ambientais não melhorarem”, disse à Efe Nicolas Mombrial, diretor da Oxfam em Washington.

E acrescentou que o BM “não deveria estimular mais a cultura interna que mede os resultados em função da saída de dinheiro. O impacto no desenvolvimento deveria estar à frente e ser o principal”.

Kim, que chegou à instituição em 2012, lançou um ambicioso plano com o objetivo de reduzir a pobreza extrema para 2030 e de elevar a prosperidade compartilhada para 40% de receitas menores nos países em desenvolvimento.

Por último, disse que na reunião de primavera que o BM organizará com o Fundo Monetário Internacional (FMI) na semana que vem na capital americana, terá como um dos pontos fortes o combate aos efeitos da mudança climática que considerou o “desafio de nossa geração” e fomentar um crescimento “sustentável”. EFE

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