Bancos de Alimentos, o “pão” que pode alimentar 870 milhões de pessoas

  • Por Agencia EFE
  • 29/04/2015 10h52
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Oscar René Oliva.

Cidade da Guatemala, 29 abr (EFE).- Os Bancos de Alimentos que surgiram na década de 1970 nos Estados Unidos se transformaram agora nos centros que recebem o “pão” que pode alimentar 870 milhões de pessoas que sofrem com a fome no mundo.

Estas instituições são os principais centros de doações de alimentos, em pelo menos 35 países, de produtos que muitas empresas desperdiçam em nível mundial, comentou na Guatemala Craig Nemitz, da Global Foodbanking Network (GFN), com sede em Chicago.

Em declarações à Agência Efe, Nemitz disse que estes bancos estão aliviando a falta de alimentos em muitos países do mundo, nos quais as empresas são abordadas para que entreguem os produtos em excesso que já não comercializam nos mercados.

Nemitz sustentou que estas instituições são agora uma ferramenta para combater a fome, porque no mundo é produzido o dobro de alimentos necessários para a população, mas, mesmo assim, não chegam à classe pobre.

Nesse sentido, Alfredo Kasdorf, consultor para a América Latina dos Bancos de Alimentos, comentou que, para eliminar a fome, é preciso aplicar uma política em nível mundial, fortalecer a busca de mais produtos de consumo básico e ser mais eficientes na distribuição para, assim, chegar às pessoas que mais necessitam.

De acordo com números revelados pelo Banco de Alimentos da Guatemala (BAG), 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçadas no mundo a cada ano, das quais, 78 milhões, são na América Latina e no Caribe.

Um membro do BAG, criado na Guatemala em 2005, Edgar Estrada, declarou à Agência Efe, durante o Primeiro Seminário de Bancos de Alimentos da América Central, Panamá e Caribe, que uma de cada oito pessoas no planeta sofre de fome.

“Com os alimentos que são desperdiçados, daria para alimentar 870 milhões de pessoas com fome no mundo”, ressaltou.

Estrada acrescentou que, paralelamente à distribuição de produtos perecíveis e não perecíveis que recebem em doação, o BAG, que foi o primeiro criado na América Central, tem como objetivo criar “consciência entre produtores e distribuidores para evitar e reduzir o esbanjamento de alimentos”.

Estrada afirmou ainda que o compromisso dos bancos de alimentos, e sobretudo da Guatemala, é impulsionar o desenvolvimento integral através da alimentação às famílias que sofrem com a fome.

Nos dez anos de funcionamento desta instituição, formada por nove empresas privadas e uma fundação, seu trabalho beneficiou 200 mil pessoas, segundo Estrada.

As bolsas de alimentos são vendidas 81% mais baratas que seu custo real no mercado porque “não é possível presentear”, já que a instituição “necessita capitalizar para comprar mais produtos e impulsionar novos projetos”.

De acordo com Estrada, as famílias mais beneficiárias são as que vivem em áreas marginais, gente de poucos recursos que vive, por exemplo, em asilos, orfanatos e escolas.

Estrada explicou que entre 2008 e 2014 foram distribuídos mais de 1,61 milhão de quilos de alimentos a 82.403 famílias, além de roupas, sapatos, brinquedos, artigos de limpeza e de higiene pessoal, assim como materiais escolares doados por empresas.

Estrada esclareceu que os produtos não são distribuídos pessoalmente, mas entregues a 35 instituições que tenham solvência fiscal, representação legal e, pelo menos, cinco anos de operações.

O funcionário destacou que o BAG também impulsiona projetos de impacto social, como o que é executado em Chuisuc, Cantel, no departamento ocidental de Quetzaltenango, onde 25 mulheres produzem geleias.

Além disso, concluiu Estrada, respaldaram programas educativos e cafés da manhã em escolas porque “pão para todos é paz para o amanhã”. EFE

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