BC diz estar pronto para normalização da política monetária em economia avançada
No dia em que o Federal Reserve (o banco central norte-americano) começa sua reunião de política monetária que pode trazer mais pistas sobre os rumos dos juros nos Estados Unidos, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Reinaldo Le Grazie, afirmou nesta terça-feira, 20, que a autoridade brasileira está preparada para a normalização da política monetária em economias avançadas. A declaração foi dada durante palestra na Conferência Anbima Cetip de Renda Fixa 2016 na capital paulista.
“Em meio à incerteza econômica global, o Banco Central do Brasil está preparado para o processo de normalização da política monetária das economias avançadas. Além disso, o Banco Central tem apoiado as iniciativas externas de maior regulação dos mercados financeiros e, em conjunto com o governo brasileiro, vem introduzindo medidas que ajudam a recuperar a economia e a ampliar a solidez das instituições financeiras no País”, comentou.
Segundo Le Grazie, para retornar a um ambiente de estabilidade, confiança e crescimento, é preciso resgatar os pilares do tripé macroeconômico e aplicá-los de forma plena. “É preciso nutrir a responsabilidade fiscal, manter o controle da inflação e o regime de câmbio flutuante”, afirmou.
Ele ressaltou que o controle da inflação é alcançado pelo emprego do sistema de metas. “Quanto mais tempo a inflação permanecer em torno da meta, maior será a contribuição do Banco Central para que as correções de preços deixem de ser uma preocupação recorrente na tomada de decisão dos agentes”, afirmou, repetindo parte do discurso que fez ontem na Câmara Espanhola de Comércio.
Intervenções pontuais
O diretor de Política Monetária afirmou que intervenções pontuais que sirvam para corrigir distorções no câmbio são práticas saudáveis. “Intervenções pontuais, consistentes, relativamente previsíveis, que suavizam movimentos e sirvam para corrigir distorções são práticas saudáveis, desde que não alterem a trajetória de longo prazo da moeda, que é, em última instância, definida por um conjunto de fatores locais e externos”, afirmou. Segundo ele, o resultado da conta corrente brasileira mostra que o câmbio flutuante tem funcionado no Brasil.
O déficit em transações correntes acumulado em 12 meses, que chegou a US$ 104 bilhões no final de 2014, pode terminar o ano de 2016 em torno de US$ 15 bilhões, segundo a pesquisa Focus. “Portanto, sem ferir o regime de câmbio flutuante, o Banco Central utiliza, sempre com a necessária parcimônia, as ferramentas cambiais de que dispõe”, explicou o representante do BC, ressaltando que o regime de câmbio flutuante é um dos pilares do tripé macroeconômico.
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