BC flexibiliza depósito compulsório e injeta R$ 25 bilhões na economia
Rio de Janeiro, 20 ago (EFE).- O Banco Central anunciou nesta quarta-feira uma nova flexibilização do depósito compulsório bancário, que pode elevar a liquidez do sistema financeiro em cerca de R$ 25 bilhões, perante indicadores que mostram que a economia sofrerá uma forte desaceleração neste ano.
O organismo emissor já tinha anunciado no mês passado uma redução do depósito compulsório bancário e outras medidas para elevar a liquidez do mercado em cerca de R$ 45 bilhões.
Segundo o Banco Central, as novas medidas dão continuidade à distribuição de liquidez na economia com a alteração do ajuste bancário sobre depósitos a prazo, ou seja com uma redução da porcentagem de recursos que os bancos têm que deixar depositados no organismo emissor do que recebem de seus clientes.
Uma das medidas anunciadas hoje eleva desde 50% até 60% a porcentagem do ajuste bancário sobre depósitos a prazo que os bancos podem destinar a empréstimos para seus clientes.
A flexibilização injeta de forma imediata R$ 10 bilhões na economia, segundo os cálculos do Banco Central.
O Banco Central igualmente reverteu várias medidas para restringir o crédito adotadas em 2010, quando o país enfrentava os efeitos da crise econômica internacional, o que pode injetar outros R$ 15 bilhões no mercado.
“Espera-se que as medidas ampliem o acesso de pequenas empresas ao crédito e fortaleçam o comércio exterior”, segundo um comunicado da entidade.
O Banco Central reduziu em junho sua previsão para o aumento do crédito bancário deste ano desde 13% calculado inicialmente até 12%, porcentagem inferior às registradas em 2013 (14,6%) e 2012 (16,4%).
O organismo acrescentou que os novos ajustes “consideram a fase atual do ciclo de crédito no Brasil e fazem parte de processos de revisão das medidas macroeconômicas prudenciais adotadas desde 2010”.
Segundo o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a menor oferta de crédito este ano agravou os problemas que a economia do país enfrenta para crescer.
As medidas para tentar elevar o crédito foram anunciadas cinco dias depois que o Banco Central divulgou um indicador que utiliza para prever o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB), segundo o qual a economia brasileira retraiu 1,2% no segundo trimestre do ano frente ao primeiro.
Os analistas do mercado financeiro, que vêm reduzindo há 12 semanas sua projeção para o crescimento do Brasil em 2014, preveem para este ano uma expansão de só apenas 0,79%.
Essa projeção mostra uma forte desaceleração econômica após a ligeira recuperação de 2013. Depois de ter registrado uma expansão de 7,5% em 2010, o crescimento da economia brasileira foi de 2,7% em 2011, de só 1% em 2012 e de 2,3% em 2013.
A economia brasileira enfrentou nos primeiros meses do ano dificuldades pelo aumento da inflação, que reduziu o poder aquisitivo das famílias e obrigou o próprio organismo emissor a elevar a taxa básica de juros até 11% anual, seu maior nível em três anos e meio.
Os analistas apontam o encarecimento do crédito como um dos motivos da desaceleração da economia brasileira. EFE
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