BC vê inflação mais favorável, com sinais de desinflação mais difundidos
Na ata divulgada nesta terça-feira (17), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) voltou a dizer que a inflação recente mostrou-se mais favorável que o esperado, com sinais de um processo de desinflação mais difundido. Para o Copom, agora já há evidências de que esse processo tenha atingido também componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária.
O colegiado destacou que, com isso, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2016 alcançou 6,3%, um patamar bem abaixo do esperado há pouco meses, ficando dentro do intervalo de tolerância da meta de inflação para o ano passado, que ia até 6,5%.
No documento, os diretores do BC avaliam ainda que o fato de a inflação ter se mostrado mais favorável pode sinalizar uma menor persistência no processo inflacionário. “No entanto, o processo de desinflação de alguns componentes do IPCA mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária requer atenção contínua”, alerta o colegiado.
Entre os fatores que podem produzir uma desinflação ainda mais intensa que a refletida nas projeções do mercado e da própria autoridade monetária, estariam o processo contínuo de distensão do mercado de trabalho e a desaceleração significativa da atividade econômica. “A perspectiva de uma recuperação mais demorada e gradual tende a reforçar esse processo”, completa a ata.
Efeitos secundários
Além de ressaltar a importância da ancoragem da inflação à meta, o Comitê de Política Monetária (Copom) citou na ata da mais recente reunião que as expectativas na meta permitem ao Banco Central analisar com mais atenção efeitos secundários sobre a evolução dos preços.
“Os membros do Copom voltaram a enfatizar que o ambiente com expectativas de inflação ancoradas permitiria ao Comitê se concentrar em evitar possíveis efeitos secundários de ajustes de preços relativos que possam ocorrer ao longo do tempo”, cita o parágrafo 18 do documento.
Interregno benigno
Os membros do Copom afirmaram que o fim do interregno benigno para as “economias emergentes pode produzir efeitos que dificultem o processo de desinflação”. Na ata do último encontro do colegiado, eles disseram ainda que, “no âmbito externo, o cenário é bastante incerto”.
“Essa incerteza decorre, dentre outros fatores, de possíveis mudanças no rumo da política econômica nos EUA e da retomada do processo de normalização das condições monetárias pelo Fomc”, citou a ata. “Entretanto, até o momento, os efeitos do fim do interregno benigno têm sido limitados.”
Ao discutir a conjuntura internacional, os membros do comitê afirmaram que as incertezas “vêm alimentando um aumento das taxas de juros de longo prazo nas principais economias desenvolvidas com impacto sobre o custo de financiamento para economias emergentes”. Por outro lado, o BC afirma que os efeitos do fim do interregno benigno sobre os preços de ativos “têm sido limitados até o momento, em particular para países exportadores de commodities, que vêm experimentando melhorias nos seus termos de troca”.
Na prática, o BC retoma nesta ata uma ideia já presente em documentos anteriores e nos próprios discursos do presidente da instituição, Ilan Goldfajn: a avaliação de que a alta de juros nos EUA aumenta o custo de financiamento dos países emergentes, mas o impacto é contrabalançado pela melhora nos termos de troca para exportadores de commodities.
“Esse contexto reforça a avaliação dos membros do Comitê, de que não há relação mecânica entre o cenário externo e a política monetária”, informou a ata, repetindo uma frase já presente em outras comunicações do BC.
Investimentos e reformas
Os membros do Copom ressaltaram também a importância das reformas estruturais para o processo de ancoragem da inflação. “Todos os membros do Comitê reiteraram que a aprovação da emenda constitucional que permite conter a expansão real dos gastos públicos é uma contribuição importante para a economia brasileira”, citaram os diretores do Banco Central no parágrafo 19 do documento.
Os membros do Copom enfatizaram “a relevância de outras reformas no âmbito fiscal para a continuidade do processo desinflacionário em curso e para as perspectivas de manutenção da inflação em torno da meta, com benefícios para a sociedade”.
Com a execução das reformas, explicam os diretores do BC, crescem os investimentos e melhora a expectativa para a economia “Os membros do Copom destacaram a importância de outras reformas e investimentos em infraestrutura que visam aumento de produtividade, ganhos de eficiência, maior flexibilidade da economia e melhoria do ambiente de negócios”. “Esses esforços são fundamentais para a estabilização e a retomada da atividade econômica e da trajetória de desenvolvimento da economia brasileira”, citaram os membros do Copom.
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