Berlim festeja os 25 anos da queda do muro

  • Por Agencia EFE
  • 09/11/2014 18h19
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Elena Garuz

Berlim, 9 nov (EFE).- Centenas de milhares de pessoas presenciaram neste domingo a grande festa organizada em Berlim para comemorar o 25º aniversário da queda do muro, uma celebração de caráter popular e com uma discreta participação governamental.

O dia festivo terminou às 18h20 (horário local, 15h20 em Brasília) com o voo de sete mil balões luminosos distribuídos ao longo dos 15 quilômetros do muro e ao som da Nona Sinfonia de Beethoven, interpretada pela orquestra Staatskapelle Berlin com o maestro argentino Daniel Barenboim.

A ocasião contou figuras marcantes como o último líder da União Soviética, Mikhail Gorbachev – aclamado pelo público aos gritos de “Gorbi, Gorbi” -, o ex-presidente polonês Lech Walesa – líder e símbolo da luta contra o regime comunista polonês – e o presidente alemão, Joachim Gauck.

O prefeito-governador de Berlim, Klaus Wowereit, agradeceu em discurso a todas as pessoas que contribuíram de forma pacífica para derrubar o muro e que conseguiram que a capital alemã se tornasse em uma “metrópole aberta e tolerante que vive de sua diversidade”.

“No dia mais feliz de nossa história recente lembramos de todas a vítimas da ditadura da República Democrática Alemã (RDA)”, declarou o prefeito, que afirmou que “os muros de cimento podem ser vencidos se o povo se unir e superar seus medos”.

Apesar do frio e do céu nublado, a aglomeração no Portão de Brandemburgo, que sediou os atos principais da celebração, era comparável ao de um Réveillon.

A rua Bornholmer Strasse – o primeiro controle fronteiriço que ergueu sua cerca aos cidadãos do leste -, e a Bernauer Strasse – que simboliza a partilha da cidade – estiveram muito movimentadas ao longo do dia.

Pelo palco montado no Portão de Brandemburgo passaram vários cantores e bandas, principalmente alemães, além do inglês Peter Gabriel, que interpretou “Heroes”.

Quem também marcou presença na segunda parte da festa foi a chanceler alemã, Angela Merkel, que antes tinha assistido junto a Gauck um ato comemorativo organizado pelas autoridades da cidade na praça Gendarmenmarkt.

Nessa homenagem, no qual o presidente do parlamento Europeu, Martin Schulz, discursou, foram recebidos com uma grandes aplausos os prêmios Nobel da Paz Gorbachev e Walesa.

O dia comemorativo começou na manhã deste domingo com uma missa em memória às vítimas na Capela da Reconciliação, situada onde ficava a chamada faixa da morte, na Bernauer Strasse.

Antes do evento religioso, a chanceler e o prefeito de Berlim deixaram rosas em lembrança às vítimas entre os blocos do antigo muro no centro comemorativo situado nesta simbólica rua.

Em seu primeiro discurso do dia, por causa da inauguração de uma exposição permanente sobre os bastidores do muro dividiu a cidade por 28 anos, Merkel classificou a queda do Muro de Berlim como uma “mensagem de confiança” para os diferentes focos de crise no mundo e pediu por “uma Europa unida e construída sobre valores comuns”.

Merkel lembrou que as “imagens (da queda do muro), que deram a volta ao mundo, eram o anúncio do fim da divisão de Berlim, da Alemanha e da Europa, e o fim da Guerra Fria”.

“Podemos mudar as coisas para melhor, esse é a mensagem da queda do muro”, declarou a chanceler, o que também vale para “as pessoas na Ucrânia, na Síria, no Iraque e em muitas outras regiões de nosso planeta onde a liberdade e os direitos humanos estão sendo ameaçados e inclusive suprimidos”.

A queda do muro provou que “os sonhos podem se tornar realidade, que nada deve permanecer como está, por maiores que sejam os obstáculos”, acrescentou.

“O muro de Berlim, este símbolo de cimento da arbitrariedade de um Estado, levou milhões de pessoas para o limite do suportável e muitos outros ainda mais além”, declarou Merkel, que reiterou que a República Democrática Alemã (RDA) foi tudo menos um estado de Direito. EFE

egw/vnm

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