Berlim vê crise dos refugiados como maior desafio desde a reunificação

Berlim, 23 ago (EFE).- O vice-chanceler alemão, Sigmar Gabriel, acredita que a avalanche de refugiados em seu país é “o maior desafio desde a reunificação” e que o Estado deve atuar “com toda a dureza” contra os neonazistas que atacam centros de amparo.

Em uma entrevista à televisão pública “ARD” divulgada neste domingo, o também ministro da Economia e líder do Partido Social-Democrata (SPD) assumiu que a Alemanha “deverá mudar dramaticamente” sua política de refugiados para estar à altura das circunstâncias.

O governo alemão elevou nesta semana a 800 mil o número de peticionários de asilo que o país espera receber neste ano, um número quase quatro vezes maior que o de 2014.

Por enquanto, o governo alemão se comprometeu em junho a fornecer 1 bilhão de euros de maneira extraordinária aos níveis administrativos inferiores para que possam atender às necessidades básicas dos peticionários de asilo sem sobrecarregar seus orçamentos.

O vice-chanceler viu, além disso, a necessidade de atuar em escala europeia e criticou a falta de avanços na repartição de peticionários de asilo pelo bloqueio de alguns países-membros.

“É uma grande vergonha que a maioria dos Estados digam que isto não lhes afeta”, garantiu, advertendo sobre as “catastróficas consequências” que teria a volta às fronteiras internas.

Além disso, Gabriel ressaltou que as forças de segurança do Estado e do estamento judicial devem atuar “com toda a dureza” contra os ultradireitistas que estão usando a violência para protestar contra a chegada de refugiados.

Suas declarações foram divulgadas após duas noites consecutivas de enfrentamentos nos arredores de um centro de refugiados de Hidenau (leste da Alemanha) entre policiais e manifestantes neonazistas.

Nos protestos da noite de sexta-feira, pelo menos 31 policiais ficaram feridos, um deles em estado grave, pelo lançamento de pedrase garrafas. Nesta madrugada foram feridos mais dois agentes.

Os incidentes violentos em torno dos centros de amparo de peticionários de asilo estão se multiplicando nas últimas semanas na Alemanha conforme dispara o número de refugiados que entram no país.

Nos seis primeiros meses do ano ocorreram cerca de 200 atos contra estes centros, segundo os números do Ministério do Interior, que incluem desde a disseminação de propaganda xenófoba aos ataques incendiários. EFE