Biden avalia apresentar candidatura e pode sacudir campanha presidencial
Cristina García Casado.
Washington, 24 ago (EFE).- O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, avalia sua entrada nas primárias democratas de 2016, uma candidatura que muitos descartavam a essa altura do ano e que pode sacudir uma campanha na qual, por enquanto, a grande favorita do partido é a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.
A contratação nesta segunda-feira de Kate Bedingfield, conhecida por sua ampla experiência em campanhas políticas, como nova diretora de comunicação, reforçaram os rumores sobre as aspirações presidenciais de Biden, que ressurgiram no último sábado, após um encontro com a senadora democrata Elizabeth Warren, líder da ala progressista do partido.
Se lançar sua candidatura nos próximos dias, quase meio ano depois da ex-secretária de Estado, Biden entraria na campanha como um “underdog”: aquele que, teoricamente, tem menos possibilidades de vencer e desafia o favorito. A situação vivida por Barack Obama em 2008, quando venceu a própria Hillary.
O grande desafio do vice-presidente seria reunir recursos e a equipe necessária para lançar uma campanha que possa competir com a estrutura montada por Hillary, na qual trabalham os assessores que levaram Obama pela primeira vez à Casa Branca em 2008.
A eventual entrada de Biden na disputa eleitoral pode romper, além disso, o cenário distinto das eleições presidenciais de 2016. Até então, ele estava marcado pelos democratas unidos em torno da grande favorita Hillary, enquanto os republicanos se dividem entre os 17 candidatos nas primárias mais movimentadas da história do partido.
A candidatura de Biden também evidenciaria uma divisão existente entre os democratas, um partido no qual a ala mais progressista procura há algum tempo uma alternativa a Hillary, considerada por eles como moderada. Muitos teriam dúvidas entre apoiar a um político conhecido por seu caráter cortês ou respaldar as aspirações da ex-secretária de Estado, a grande favorita até então.
Obama não descarta apoiar publicamente um dos candidatos nas eleições primárias de 2016, conforme anunciou nesta segunda-feira o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest, após ser perguntado em entrevista coletiva sobre as intenções de Biden.
A candidatura do vice-presidente, algo já descartado por muitos neste momento do ano, pode sacudir uma campanha que está demonstrando ser menos previsível do que o esperado. Tanto Biden como Hillary foram adversários de Obama nas primárias de 2008, mas acabaram em postos-chave de seu governo.
Obama e Biden possuem uma estreita relação pessoal e exibiriam durante os últimos sete anos grande lealdade política. Apesar disso, o vice-presidente, fiel a sua personalidade franca e impulsiva, não hesitou em discordar do líder em assuntos chave.
A relação é tão próxima que Obama chegou a dizer que a escolha de Biden foi sua “melhor decisão política”.
Com a ex-secretária de Estado, o relacionamento é mais complexo. Nos bastidores, afirma-se que os atritos das primárias de 2008 nunca foram totalmente cicatrizados, apesar de Hillary e Obama terem aprendido a trabalhar juntos e do papel-chave dos Clinton na reeleição do presidente.
Biden, de 72 anos e quatro décadas de experiência política, estuda há muito tempo a possibilidade de voltar a participar da corrida à Casa Branca, como já fez, sem sucesso, em 1988 e 2008.
No último dia 30 de maio, em plena ebulição de anúncio das candidaturas às primárias, seu filho mais velho, Beau Biden, morreu aos 46 anos, vítima de um câncer cerebral.
Beau era uma das pessoas que mais encorajavam o pai a concorrer pela presidência, algo que mudaria o rumo de uma campanha distante de ser a “coroação” de Hillary Clinton que muitos previam. EFE
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