Biden chega a Kiev para promover os acordos de Genebra

  • Por Agencia EFE
  • 21/04/2014 15h05
  • BlueSky

Boris Klimenko.

Kiev, 21 abr (EFE).- O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, chegou nesta segunda-feira a Kiev para apoiar o governo ucraniano em sua queda de braço com as milícias pró-Rússia do leste do país e procurar impulsionar os acordos de Genebra.

Biden aterrissou na capital ucraniana depois que no domingo um tiroteio na região insurgente de Donetsk ameaçou a frágil trégua declarada por ambos os grupos por ocasião da Páscoa, comemorada pelos ortodoxos.

Os insurgentes e Rússia não demoraram em dar por terminada a trégua por culpa de Kiev, enquanto as forças de segurança ucranianas asseguram que não reataram a operação antiterrorista suspensa na sexta-feira.

O fato do domingo serviu de desculpa para que os insurgentes mantenham controle sobre os edifícios governamentais em várias cidades de Donetsk e se neguem a depor as armas, em violação do que acordaram Ucrânia, Rússia, EUA e a União Europeia em 17 de abril em Genebra.

Além disso, organizações pró-Rússia nas regiões de Lugansk e Kharkiv, à imagem e semelhança de Donetsk, nomearam hoje seu próprio “governador popular”.

Biden se reunirá amanhã, terça-feira, com o presidente interino da Ucrânia, Aleksandr Turchinov, e o primeiro-ministro, Arseni Yatseniuk, com os quais abordará a instável situação no país devido à sublevação pró-Rússia e os preparativos para as eleições presidenciais de 25 de maio.

Além disso, os líderes tratarão dos avanços na reforma constitucional e na descentralização administrativa, duas das reivindicações dos pró-Rússia.

Segundo a imprensa americana, Washington está disposto a aumentar a assistência econômica e energética para impulsionar as reformas, mas não se espera nenhum compromisso militar, embora o exército ucraniano precise muito de novos equipamentos.

Na véspera da chegada de Biden, o presidente ucraniano acusou o russo, Vladimir Putin, de tentar “destruir a Ucrânia independente” e denunciou que seu objetivo “consiste não só em se apoderar de parte do território da Ucrânia, mas em desestabilizar a situação em todo o país”.

A respeito dos acordos de Genebra, o Departamento de Estado Americano advertiu hoje com consequências se a Rússia não cumprir com o pactuado, o que o próprio presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, questionou.

A Rússia se comprometeu a persuadir as milícias pró-Rússia a deporem as armas e saírem dos edifícios públicos ocupados em várias cidades do leste da Ucrânia, onde vivem milhões de russos étnicos.

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, acusou hoje, no entanto, o governo de Kiev de não mover “um único dedo para eliminar as causas dessa profunda crise”.

“O acordo de Genebra não apenas não se cumpre, mas se dão passos, em primeiro lugar pelos quais usurparam o poder o Kiev, que o transgridem de forma flagrante”, afirmou.

Lavrov lembrou que um dos pontos do acordo de Genebra é a anistia aos participantes dos protestos, mas que em vez disso as autoridades de Kiev “continuam detendo aos dirigentes políticos do sudeste da Ucrânia”.

E responsabilizou diretamente pelo tiroteio de domingo os ultranacionalistas ucranianos, embora o Setor de Direita, a força de choque nos distúrbios de Kiev que levaram à mudança de governo ao final de fevereiro, negou qualquer envolvimento.

A missão da OSCE, encarregada de zelar pelo cumprimento dos acordos de Genebra, conseguiu hoje chegar à cidade de Slaviansk (Donetsk), um dos bastiões dos rebeldes e onde rege um toque de recolher para investigar o tiroteio.

O chefe da diplomacia russa também acusou Washington de “fazer vista grossa diante das arbitrariedades desse regime (o governo de Kiev) e dos guerrilheiros em que se apoia”.

Lavrov observou também que os cidadãos de fala russa do sudeste da Ucrânia põem a Rússia “em uma situação muito difícil” com seus pedidos a enviar forças de pacificação russas para que se interponham entre eles e o exército ucraniano.

Por sua vez, o ex-presidente ucraniano Viktor Yanukovich, destituído em 22 de fevereiro e exilado na Rússia, pediu hoje a retirada imediata do exército e a guarda nacional do sudeste da Ucrânia a fim de evitar uma guerra civil.

“Os senhores estão a um passo do derramamento de sangue. O sangue não se tira. Basta! O povo se sente ultrajado. Vocês chamaram milhões de pessoas de terroristas. O povo já não tem outra opção além de defender seus direitos”, declarou Yanukovich. EFE

  • BlueSky

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.