Biden considera crise venezuelana alarmante, mas descarta intervenção dos EUA

  • Por Agencia EFE
  • 09/03/2014 13h43

Santiago do Chile, 9 mar (EFE).- O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, afirmou que a “situação da Venezuela é alarmante” e disse que o governo desse país tem a obrigação de “respeitar os direitos universais”, mas descartou qualquer intervenção de Washington em território venezuelano.

“Enfrentar manifestantes pacíficos com a força e em alguns casos com milícias armadas, limitando a liberdade de imprensa e de assembleia (…) não está à altura dos sólidos padrões de democracia que temos na maior parte de nosso hemisfério”, disse em entrevista publicada hoje pelo jornal chileno “El Mercurio”.

Biden chegará esta noite ao Chile, em sua sétima visita à região, para assistir na terça-feira à posse da presidente eleita, a socialista Michelle Bachelet, onde também estará o governante venezuelano, Nicolás Maduro.

“A situação na Venezuela me lembra o passado, quando homens fortes governavam usando a violência e a opressão; e os direitos humanos, a hiperinflação, a escassez e a extrema pobreza causavam estragos nos povos do hemisfério”, sustentou.

As autoridades venezuelanas calculam em 21 as mortes ligadas aos protestos que desde 12 de fevereiro acontecem no país pró e contra o presidente Nicolás Maduro.

Biden não poupou críticas a Maduro, dizendo que “até agora tentou de distrair seu povo dos temas mais importantes que estão em jogo na Venezuela ao inventar conspirações totalmente falsas e extravagantes sobre os Estados Unidos”.

“Em vez disso, ele deveria escutar o povo venezuelano, e olhar o exemplo desses líderes que resistiram à opressão nas Américas, ou se arrisca a repetir as injustiças contra as que eles brigaram com tanta coragem”, acrescentou.

No entanto, descartou plenamente qualquer ação que envolva uma intervenção dos Estados Unidos na situação da Venezuela, como ocorreu em décadas passadas quando a Casa Branca apoiou aberta ou veladamente a ação de ditaduras militares em vários países da América Latina.

“O presidente (Barack) Obama deixou claro que não estamos interessados em voltar às batalhas ideológicas do passado neste hemisfério e trabalhou por um futuro de maior integração e respeito pelos direitos universais”, afirmou.

“Reconhecemos que há ranços da Guerra Fria, e as suspeitas fazem parte da situação. Mas a maioria das pessoas nas Américas está cansada de brigar velhas batalhas ideológicas que não ajudam em nada suas vidas cotidianas”, opinou.

Biden destacou ainda que a América sempre foi importante, mas importa ainda mais hoje, “porque o que sucede na região tem maior importância em nossa prosperidade e segurança que nunca”.

Após os atos oficiais da mudança de comando presidencial no Chile os chanceleres dos países-membros da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) se reunirão em Santiago em 12 de março para tratar a situação da Venezuela.

No encontro, o governo do país apresentará sua análise sobre a crise desencadeada em meados de fevereiro, quando começaram os protestos contra o governo que derivaram em atos de violência. EFE

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