Biden recebe esposa de Leopoldo López para discutir situação da Venezuela

  • Por Agencia EFE
  • 11/02/2015 17h49

Washington, 9 fev (EFE).- O vice-presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, se reuniu nesta quarta-feira com Lilian Tintori, esposa do líder opositor venezuelano, Leopoldo López, e outros dois defensores de direitos humanos do país caribenho para abordar a situação da Venezuela um ano depois do início dos protestos estudantis.

Em entrevista coletiva logo depois do encontro, Tintori disse aos jornalistas que o vice-presidente americano “foi muito empático com os problemas que a Venezuela atravessa e se mostrou realmente preocupado pela situação”.

“O vice-presidente nos surpreendeu muitíssimo, foi uma reunião profunda, emotiva, sensível. Nos comovemos muito ao ver como outro país pode se preocupar tanto com o nosso”, disse a esposa de López, que lidera os esforços internacionais para pressionar o governo pela libertação dos presos que, como seu marido, estão detidos por motivos políticos.

Um dos dois acompanhantes de Tintori na reunião com Biden é policial e militante do partido do presidente Nicolás Maduro, o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), revelou Tintori.

Jonny Montoya, membro fundador da polícia de Caracas, atual delegado da capital e militante do PSUV, acompanhou Tintori nesta viagem internacional por Londres e Washington, junto com Rosa María Orozco, mãe de um dos estudantes mortos há um ano nos protestos que aconteceram em Caracas.

“Pela primeira vez as duas partes do país estão juntas, por muito tempo a Venezuela esteve dividida, mas já não mais”, afirmou Tintori, que relatou como tinha mantido durante meses encontros secretos com Montoya por medo de represálias.

“Estamos aqui para mandar uma mensagem clara ao presidente Maduro e ao mundo: além de qualquer divisão política, estamos aqui pela dignidade, pela humanidade e pela universalidade dos direitos humanos”, acrescentou a esposa de López.

Montoya denunciou a falta de justiça e a “total impunidade” que segundo ele existe na Venezuela desde que ano passado seu irmão morreu, supostamente pelas mãos das forças de segurança.

“Cinco pessoas dispararam, está gravado. Não há nenhum detido, não recuperaram nenhum armamento e não houve nenhuma investigação”, denunciou Montoya, ainda membro da polícia de Caracas e militante do PSUV.

Ontem eles se reuniram com o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, que, segundo disseram, se comprometeu a dar novos passos em seu pedido de apoio público para a proteção dos direitos humanos na Venezuela.

“Querem reunir os países vizinhos, da região, para ter uma reunião que permita concretizar quais são as violações (de direitos humanos no país) e programar visitas à Venezuela”, afirmou Orozco sobre a reunião com Insulza.

Antes de Washington, os três representantes se reuniram em Londres com o secretário-geral da Anistia Internacional (AI), Salil Shetty, que cobrou a libertação imediata dos presos políticos no país latino-americano.

“Devemos prevenir a crise humanitária que está prestes a acontecer Venezuela, e atuar de maneira contundente”, acrescentou Tintori, que assegurou que, sem o apoio da comunidade internacional, “o regime de Maduro continuaria sendo um modelo democrático aos olhos do mundo”.

Em 12 de fevereiro de 2014 os estudantes e um setor da oposição convocaram uma manifestação em Caracas contra o governo que escalou para a violência e terminou com a morte de três pessoas e danos no edifício do Ministério Público.

Esse dia marcou o início de uma onda de protestos contra o governo que durou até abril e deixou 43 mortos e centenas de feridos e detidos.

Por causa do primeiro aniversário do início da crise, o chavismo e uma parte da oposição se manifestarão nesta quinta-feira separadamente. EFE

rg/cd

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