Bispos tratarão de divorciados e homossexuais e admitem menor credibilidade
Cidade do Vaticano, 26 jun (EFE).- Os bispos de todo o mundo se reunirão em outubro no Vaticano em um Sínodo para abordar os novos perfis de família, como divorciados, uniões estáveis e homossexuais, além de métodos contraceptivos.
Foi o que destacou nesta quinta-feira a Santa Sé, que apresentou os assuntos que os bispos debaterão na próxima Assembleia extraordinária que realizarão de 5 a 19 de outubro sob o lema “Os desafios pastorais sobre a família no contexto da evangelização”.
Em um documento que servirá de base ao Sínodo, ressalta-se a preocupação dos bispos pelas “práticas enraizadas” dos divórcios, uniões estáveis, uniões homossexuais, ou as chamadas “famílias ampliadas”.
Além disso, no texto se assinala que os escândalos sexuais, como a homossexualidade, e a incoerência do estilo de vida de alguns religiosos teve como consequência “uma relevante perda da credibilidade moral” da Igreja.
Esses assuntos estão reunidos no “Instrumentum Laboris” (documento de preparação) que foi apresentado hoje à imprensa no Vaticano.
O texto foi elaborado com as respostas a um questionário composto de 39 perguntas que a secretaria do Sínodo de Bispos enviou em 2013 às conferências episcopais de todo o mundo e que elas apresentaram aos fiéis católicos.
O texto, de cerca de 70 páginas, apresenta as respostas dos fiéis sobre vários temas, as preocupações, reflexões e experiências dos bispos, mas sobre toda as dúvidas e dúvidas que se espera possam resolver-se no próximo Sínodo, cujo tema elegeu pessoalmente o papa Francisco.
Em uma primeira parte, o documento fala sobre como comunicar as doutrinas do Evangelho às famílias atuais e como formar sacerdotes, partindo da “lei natural” de que a família se baseia no casamento entre homem e mulher.
Por isso, o documento ressalta a preocupação dos bispos por essas “práticas enraizadas”.
A segunda parte introduz o que chamam “os novos desafios” para a Igreja Católica, e lista os que a Igreja considera problemas da família atual, como “a fraqueza da figura paterna”, “a violência” contra mulheres e crianças, assim como vício em jogos de azar, alcoolismo, e até “o ritmo intenso de trabalho” que impedem dedicar atenção aos filhos.
O documento também aborda o que chama “situações pastorais difíceis” ao falar de convivências e uniões estáveis, que são, de acordo com os bispos, “devidas à pouca formação do casamento ou à concepção do amor como um assunto privado”.
Outro tema abordado é o dos divorciados. Os bispos debaterão a possibilidade de “agilizar” ou “simplificar” os casos para declarar a nulidade matrimonial.
Em relação à possibilidade de que os divorciados voltarem a comungar, algumas conferências episcopais pediram “misericórdia, clemência e indulgência”.
Sobre as uniões homossexuais, as conferências episcopais se opõem a qualquer legislação que as permita, mas destaca-se que as doutrinas católicas pedem “um comportamento respeitoso e que não julgue essas pessoas”.
O documento expressa também um não cabal à adoção de crianças por casais homossexuais, mas pede que os filhos destes casais que pedirem o batismo “sejam amparados com o mesmo cuidado, ternura e dedicação” que os outros.
A parte final é dedicada à chamada “abertura à vida e responsabilidade educativa” e se detém, sobretudo, nos “métodos contraceptivos” e nas dúvidas dos fiéis, mas os bispos também “pedem para explicar melhor as posições da Igreja” em relação a temas como a prevenção da aids. EFE
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