Blair diz que para buscar a paz é preciso “liderança, coragem e sabedoria”

  • Por Agencia EFE
  • 01/07/2014 17h15

Cartagena (Colômbia), 1 jul (EFE).- O ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, afirmou nesta terça-feira na Cúpula da Terceira Via que, para alcançar a paz é necessário “liderança, coragem” e sabedoria”, como no diálogo iniciado pelo presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, com os grupos guerrilheiros.

Blair participou de uma mesa junto com o ex-presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, no debate “Oportunidades de uma nova Colômbia em paz”, promovido dentro da cúpula realizada na cidade de Cartagena das Índias, na Colômbia.

“A liderança é necessária para iniciar um processo de paz, coragem para fazê-lo e muita sabedoria para completá-lo”, disse Blair no painel em que o presidente colombiano foi moderador.

O ex-primeiro-ministro disse que o resultado das eleições de 15 de junho, quando Santos foi reeleito para um segundo mandato com a promessa de continuar a negociar o fim do conflito armado que já dura mais de meio século no país, é um sinal de que os colombianos querem a paz.

“As eleições foram uma chancela muito forte para a continuidade dos diálogos de paz”, expressou Blair, amigo pessoal do líder colombiano e um dos promotores do conceito de terceira via.

O governo e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) negociam há 19 meses em Havana um acordo para o fim do conflito armado no país, e Santos pediu hoje a Clinton e Blair a visão deles sobre esse processo.

“Um processo de paz é motivado pelo coração, mas liderado pela cabeça”, disse Blair, que da mesma forma que Clinton, recomendou a Santos “estar preparado para chegar ao coração das pessoas” com as vantagens que um acordo para o fim do conflito significam.

Blair falou da importância da declaração de um cessar-fogo nas negociações porque “com violência é difícil criar um cenário para a paz”.

Santos argumentou que desde o começo dos diálogos com as Farc pôs como condições que “nada está estipulado até que tudo esteja estipulado” e, em segundo lugar, que “não haverá cessação de fogo até que assinemos o fim do conflito”.

Entre as razões que Santos deu para não aceitar um cessar-fogo bilateral durante as negociações está “que a guerrilha sempre o aproveita para se fortalecer, para melhorar sua posição”.

“Não quero passar para a história como outro presidente que ensaiou, fracassou e, no final acabou fortalecendo a guerrilha”, disse.

Blair se referiu também à necessidade de fazer uma paz com justiça, embora tenha reconhecido que é impossível que esta tarefa esteja completa.

O ex-primeiro-ministro britânico disse que durante as negociações de paz com a Irlanda do Norte “o mais difícil foi se reunir com as vítimas do terrorismo” que reivindicavam justiça e não aceitavam falar com seus algozes.

“As pessoas precisam sentir que a paz melhorou suas vidas, a paz é a porta, mas temos que construir a partir daí”, concluiu. EFE

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