BM alerta que A.Latina sofrerá “graves consequências” com mudanças climáticas
Washington, 2 dez (EFE).- O Banco Mundial (BM) advertiu nesta terça-feira que o aquecimento global pode ter “graves consequências” na América Latina, cuja temperatura poderia aumentar entre dois e quatro graus em meados deste século em comparação com a era pré-industrial.
“As consequências para o desenvolvimento da América Latina e do Caribe serão graves na medida em que os rendimentos agrícolas diminuam, os recursos hídricos mudem de lugar, aumente o nível do mar e o sustento de milhões de pessoas se veja ameaçado”, aponta o estudo “Baixemos a temperatura III: como fazer frente à nova realidade climática”, publicado hoje pelo Banco Mundial.
O aquecimento atual da região, estimado em 0,8 graus, poderia aumentar severamente nas próximas décadas se não houver ações “imediatas”, segundo as considerações do relatório baseado em uma pesquisa anterior do BM, que calculou o aumento da temperatura do planeta em quatro graus para fim de século.
“O relatório confirma o que os cientistas vêm dizendo, as emissões do passado nos colocaram em um caminho de aquecimento que continuará pelas próximas duas décadas, algo que afetará principalmente as pessoas mais pobres e vulneráveis do mundo”, disse Jim Yong Kim, presidente do BM.
“Já podemos observar temperaturas sem precedentes num ritmo cada vez mais frequente, um maior nível de chuvas em certos lugares e regiões propensas à seca ficando ainda mais secas”, acrescentou em referência ao relatório, publicado por ocasião da 20ª Conferência das Partes (COP, em inglês) da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que começou ontem e vai até o dia 12, em Lima, no Peru.
Kim advertiu que as mudanças climáticas dificultam a redução da pobreza e também ameaçam o sustento de milhões de pessoas. Além disso, afetam o impacto das operações de instituições como o BM nas regiões em desenvolvimento.
Na América Latina e no Caribe, as ondas de calor extremo e as mudanças nos padrões de chuva terão um efeito negativo sobre a produtividade agrícola, os regimes hidrológicos e a biodiversidade, segundo o texto.
Concretamente, se não for feito nada para evitar o aquecimento global, no Brasil a produtividade agrícola poderia se reduzir em até 70% para a soja e em até 50% para o trigo em caso de um aumento de dois graus para o ano 2050.
Além disso, o Banco Mundial advertiu que o Caribe será “particularmente afetado” pela acidificação da água dos oceanos, pelo aumento do nível do mar, pelos ciclones tropicais e pelas mudanças de temperatura que terão impacto na vida das comunidades litorâneas, no turismo e na saúde.
“Para o ano de 2050 e com um cenário de aquecimento de quatro graus centígrados, as inundações litorâneas poderiam trazer perdas de cerca de US$ 22 bilhões para a região, entre danos na infraestrutura e prejuízos no turismo”, segundo o BM.
Já com um cenário de aquecimento inferior a dois graus, a maioria dos países latino-americanos e do Caribe deverão realizar “projetos significativos de adaptação” para conseguir atingir os objetivos de erradicar a pobreza extrema e fomentar a prosperidade compartilhada, acrescentou. EFE
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