BM: desafio da América Latina é conseguir crescimento com igualdade social

  • Por Agencia EFE
  • 25/06/2014 15h20

Antonia Méndez Ardila.

Madri, 25 jun (EFE).- O desafio da América Latina é conseguir crescimento com igualdade social, “uma combinação difícil de conseguir”, afirmou nesta quarta-feira Augusto de la Torre, economista-chefe para a América Latina e o Caribe do Banco Mundial.

Em entrevista à Agência Efe, De la Torre afirmou que “a região está nesta encruzilhada após uma década dourada”, e “pode ser que entremos em um período de baixo crescimento, que pode gerar muita tensão social”, concluiu.

“Se os governos perderem a capacidade de continuar melhorando a igualdade social, vamos entrar em problemas. E a capacidade que os governos têm para poder distribuir a prosperidade depende da prosperidade. Se não há prosperidade, não há muito o que distribuir”, disse.

Segundo dados do próprio Banco Mundial (BM), passou-se de uma década na qual o continente cresceu entre 5% e 6%, enquanto agora tem uma perspectiva de crescimento de menos de 2% de média, com países como Brasil, México e Chile que revisaram em baixa suas perspectivas.

O economista-chefe do BM reconheceu que a desaceleração econômica que a América Latina vive “é um fenômeno até certo ponto preocupante”, associado à desaceleração de todos os países emergentes, circunstância que relacionou com a diminuição do crescimento na China.

No entanto, ele destacou como elemento positivo que “a região tem um sistema de administração macroeconômica melhor armado para fazer frente à situação” e citou como exemplos Chile, México, Colômbia e Peru.

De la Torre disse que, se a desaceleração se prolongar, a América Latina “precisará de reformas estruturais” para melhorar a educação, infraestruturas e o funcionamento dos mercados.

“Espero na região na próxima década grandes ondas de reformas estruturais para o crescimento”, afirmou.

Economista equatoriano, De la Torre, que foi presidente do Banco Central do Equador de 1993 a 1997, destacou a importância da inovação para o crescimento das economias latino-americanas. “Se não há capacidade latente de inovação, o crescimento é contido”, concluiu.

O executivo, que apresentou em Madri o relatório do Banco Mundial “O empreendimento na América Latina”, disse que, para que haja crescimento econômico, tem que haver qualidade em infraestruturas, capital humano e espírito empreendedor.

Ele também ressaltou que “inclusive nos melhores momentos, a América Latina tem um déficit de empreendimento” e destacou que este déficit afeta não só as pequenas empresas, mas também as multinacionais.

Perguntado sobre a integração regional, De la Torre afirmou que “enquanto é mais urgente o problema de crescimento econômico e a desaceleração se torna mais duradoura, mais necessário é que a região encontre caminhos de expandir seus horizontes além do mercado doméstico”.

“O enriquecimento baseado só no mercado doméstico não é a solução para a região”, disse, acrescentando que “ligar-se melhor com a Ásia vai ser para a América do Sul, por exemplo, uma das agendas mais importantes do futuro”.

O executivo citou a Aliança do Pacífico, como “o mais promissor” dos processos de integração. “Tem uma visão mais moderna e se dão conta de que a Ásia é parte do futuro da região”, afirmou.

De la Torre reconheceu que “há um contraste” entre este grupo e outro regional, a Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba), a qual definiu como “mais estagnada” entre ambos.

Ele afirmou “que há espaço para uma maior integração regional, sem nenhuma dúvida”, embora tenha reconhecido que a América Latina é muito heterogênea. EFE

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