Boff admira coragem do papa e destaca vigência da Teologia de Libertação

  • Por Agencia EFE
  • 12/03/2015 18h34

Buenos Aires, 12 mar (EFE).- O teólogo brasileiro Leonardo Boff defendeu nesta quinta-feira, em Buenos Aires, a “extrema vigência” da Teologia da Libertação e os “pequenos avanços na Igreja” realizados pelo papa Francisco e a coragem do pontífice.

“É o primeiro papa na história da Igreja que reúne os movimentos sociais de Roma para saber quais são as causas da pobreza”, disse Boff em entrevista coletiva na capital argentina após participar do Fórum Internacional sobre Emancipação e Igualdade.

Boff afirmou que Francisco “está fazendo uma reconciliação”, destacando gestos como o convite ao presidente da Bolívia, Evo Morales, chamado de “representante dos movimentos populares”.

“Isso é legitimar o que está abaixo, que é anti-império, antidominação. Esse papa tem essa coragem”, ressaltou.

“É preciso reconhecer um pequeno avanço na Igreja Católica ocorrido nos dois anos de pontificado de Francisco”, indicou Boff, afirmando que o papa tem um conhecimento especial das lutas sociais da região por causa de sua origem latino-americana.

“Sua discussão com (a presidente argentina) Cristina (Kirchner) é que não basta com que o Estado faça políticas filantrópicas existencialistas para os problemas. Tem que ser feita a justiça social”, acrescentou o teólogo brasileiro.

Exigiu também os direitos humanos para todos, considerando-o como essencial e anterior à liberdade de expressão.

“Primeiro é o direito à vida, não falar o que se quer, mas garantir primeiro os meios de sobrevivência: o trabalho, a comida e a habitação”, destacou Boff, defendendo a a Teologia da Libertação enquanto existirem pobres e oprimidos.

“Uma revolução não é feita sozinha. A Teologia da Libertação teve uma função política muito grande além de sua expressão religiosa”, disse, acrescentando que no Brasil há “cem mil comunidades de base que se orientam sob esse pensamento”.

“Sem essas comunidades, o Partido dos Trabalhadores era um grupo de sindicalistas perseguidos pela polícia. A grande massa eram os milhares de cristãos”, continuou, criticando os Estados Unidos.

“O império, que é EUA, quer recolonizar a América Latina. Na divisão internacional de trabalho, reservar-nos o lugar de exportadores de produtos naturais e impedir que tenhamos uma autonomia tecnológica”, denunciou.

O Fórum Emancipação e Igualdade, que começa hoje e segue até o próximo sábado, contará com a presença de políticos e intelectuais como Noam Chomsky, Gianni Vattimo e Ignacio Ramonet, que analisarão em Buenos Aires os processos políticos na América Latina e na Europa. EFE

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