Boko Haram sequestrou 2 mil meninas e mulheres desde 2014, segundo a AI

  • Por Agência EFE
  • 13/04/2015 23h31
EFE Ao menos 2 mil mulheres e crianças foram sequestradas pelo Boko Haram desde 2014

O grupo terrorista islamita Boko Haram sequestrou pelo menos duas mil mulheres e meninas na Nigéria desde o início de 2014, informou nesta segunda-feira a organização humanitária Anistia Internacional (AI).

Quando se completa o primeiro aniversário do sequestro de 276 estudantes em Chibok, na Nigéria, a AI publicou um relatório no qual alerta para o “reinado do terror” imposto pelos terroristas, que mataram mais de 5.500 civis.

A partir do relato de centenas de testemunhas, inclusive 28 mulheres e meninas que escaparam do cativeiro, a organização descreve os métodos brutais utilizados pelo grupo armado no nordeste da Nigéria.

Os terroristas recrutam sistematicamente os jovens ou os executam, enquanto as mulheres e as meninas são raptadas e em algumas ocasiões violentadas, segundo a AI.

Algumas delas são obrigadas a casar-se com membros do Boko Haram e a participar de ataques contra a população, em alguns casos contra seus próprios povos de origem.

“Homens e mulheres, meninos e meninas, cristãos e muçulmanos foram assassinados, sequestrados e explorados durante um reinado do terror que afetou milhões de pessoas”, denunciou o secretário-geral da Anistia Internacional, Salil Shetty, em um comunicado emitido da sede da organização em Londres.

Shetty alertou que as estudantes de Chibok são apenas uma pequena parte das mulheres e meninas que sofreram com a brutalidade do Boko Haram.

O grupo terrorista leva as sequestradas primeiro a campos localizados em áreas remotas para mais tarde transferi-las a povoados e cidades onde as doutrinam e preparam para o casamento.

A organização humanitária divulgou novas imagens obtidas por satélite que mostram a devastação provocada pelo Boko Haram em Bama, no nordeste da Nigéria.

As imagens mostram como pelo menos 5.900 estruturas, aproximadamente 70% da cidade, foram danificadas ou destruídas, inclusive o hospital, quando os terroristas recuavam perante o avanço do exército, que recuperou a cidade em março.

O relatório da Anistia cita o testemunho de Aisha, de 19 anos, que foi raptada durante o casamento de uma amiga em setembro de 2014 junto com sua irmã, a noiva e a irmã desta.

Boko Haram as levou a um campo na região de Adamawa, no nordeste do país, onde viviam cerca de 100 mulheres sequestradas.

Uma semana depois, os terroristas obrigaram a amiga de Aisha e a sua irmã a casar-se com dois membros do grupo, e iniciaram um treinamento militar para as quatro jovens.

“Ensinavam as meninas a disparar. Eles me treinaram para utilizar pistolas, conduzir bombas e atacar povos”, relatou Aisha.

“Esse treinamento se prolongou durante três semanas. Então começaram a nos enviar em missões. Eu fui a uma missão contra meu próprio povo”, afirmou.

A testemunha sustentou que durante os três meses que durou seu cativeiro foi violentada em repetidas ocasiões, às vezes por grupos de até seis homens.

Também relatou como viu morrer mais de 50 pessoas pelas mãos dos terroristas, entre elas sua irmã.

“Alguns deles não tinham querido se converter, outros não queriam aprender a matar. Esses eram enterrados em uma vala comum. Simplesmente juntavam os corpos e os jogavam em um grande buraco que não era suficientemente profundo. Eu não vi o buraco, mas notava o cheiro dos corpos em decomposição”, narrou Aisha.

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