Bolívia pede que OEA dialogue com Chile por saída ao mar e vizinho se irrita

  • Por Agencia EFE
  • 04/06/2014 16h18
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Assunção, 4 jun (EFE).- O ministro das Relações Exteriores da Bolívia, David Choquehuanca, reiterou nesta quarta-feira o direito de seu país a uma saída para o Pacífico na Assembleia-Geral da OEA e pediu ao organismo para “explorar e compreender” o diálogo que a Bolívia mantém com o Chile sobre o conflito, desagradando o vizinho.

“Convido todos a se submeterem a esse diálogo de consenso e paz”, disse o chanceler durante a 44ª Assembleia-Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA).

Acrescentou que a vontade da Bolívia é continuar dialogando com o Chile como no passado fizeram os presidentes chilenos como Arturo Alessandri e Augusto Pinochet.

“Queremos nos sentar para dialogar com o Chile – nada mais, mas também nada menos. A Bolívia apresentou uma reivindicação de diálogo ao Chile para curar as feridas da guerra do Pacífico”, disse o ministro boliviano diante dos chanceleres da América.

Choquehuanca pediu ao organismo para “explorar e compreender” o diálogo entre Chile e Bolívia, que apresentou uma demanda na Corte de Haia para obter uma saída para o mar.

O chanceler acrescentou que o conflito territorial é um remanescente da era colonial que, como outros problemas fronteiriços herdados de então e igual de sensíveis, devem de ser abordados pela OEA.

“Invoco a Assembleia a que juntos assumamos que nosso continente tem um rumo para superar essa história comum”, declarou o chanceler.

Em resposta, o ministro da mesma pasta do Chile, Heraldo Muñoz, considerou hoje “lamentável” que Choquehuanca tenha se referido como “diálogo” à reivindicação que interpôs na Corte de Haia por uma saída para o Pacífico, em intervenções na Assembleia-geral da OEA.

“A decisão da Bolívia não é um convite ao diálogo, é uma demanda contra nosso país. É preciso ser franco, se vamos dialogar vamos fazer isso de boa fé”, disse Muñoz após o discurso de Choquehuanca perante a grande maioria dos chanceleres da América.

Muñoz explicou que seu país não reconhece competência de nenhum fórum internacional para assuntos bilaterais e criticou a forma “elíptica” com que o chanceler boliviano expôs o tema.

O chanceler chileno assinalou, além disso, que a Bolívia já tem acesso ao Pacífico através do Chile graças ao tratado de limites de 1904, que segundo Muñoz segue vigente e foi “livremente assinado” pela Bolívia.

“O tratado dá à Bolívia acesso ao mar pelos portos de Arica e Antofagasta. É um tratado livre para toda a mercadoria boliviana, inclusive armamento”, disse Muñoz.

Também esclareceu que nesses portos Bolívia tem poder de aduana e armazenamento gratuito durante um ano para suas importações.

“São garantias que não têm nenhum outro país sem litoral do mundo”, disse Muñoz, acrescentando que a situação é diferente à colocada pelo chanceler boliviano.

“A realidade é distinta. É que existe acesso ao mar, um acesso fluído”, disse o chanceler.

No encontro participam 25 chanceleres da América, menos que os 28 confirmados inicialmente, enquanto as delegações de outros nove países estão lideradas por funcionários de menor nível, segundo uma lista distribuída na terça-feira pela OEA. EFE

jm/tr

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